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Mediunidade com Kardec

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  • 72. Obsessões coletivas: compreensão e orientação espírita.

    Se a obsessão simples é a influência persistente de um Espírito sobre um indivíduo, a obsessão coletiva é a ação contínua e organizada de um grupo de Espíritos, ainda vinculados a sentimentos inferiores, sobre uma coletividade de encarnados. Obsessões coletivas: causas, manifestações e caminhos para superação Em Mediunidade: Desafios e Bênçãos , o autor espiritual Manoel Philomeno de Miranda — pela psicografia de Divaldo Franco — esclarece que a obsessão coletiva pode se manifestar como epidemias psíquicas , nas quais ideias e sentimentos perturbadores se propagam rapidamente entre os indivíduos, ou como a ação de falanges espirituais moralmente desequilibradas que agem de modo invasivo e destrutivo sobre os grupos visados . Esses Espíritos buscam dominar as mentes da coletividade, podendo influenciar desde pequenos núcleos familiares até os destinos de nações inteiras. ORIGEM Segundo Philomeno, em sua obra citada, a causa primária das obsessões coletivas repousa na inferioridade moral do nosso planeta, onde ainda predominam as paixões primárias, como o egoísmo, ciúme, ira, sensualidade descontrolada, medo, entre outras. Os Espíritos, sujeitos à Lei de Afinidade, atraem-se segundo a natureza de seus sentimentos e pensamentos. Assim, aqueles que, em existências passadas, se uniram para cometer atos reprováveis — movidos pelo orgulho, ganância ou vingança — criam entre si laços profundos de débito e cumplicidade. Esses vínculos não se desfazem com a morte do corpo. Persistem além do túmulo e frequentemente conduzem os mesmos Espíritos a experiências reencarnatórias coletivas. A Justiça Divina, de forma amorosa, sábia e pedagógica, permite que esses Espíritos reencarnem juntos, em um mesmo núcleo, seja na mesma família, cidade ou país, com o propósito de reparar as faltas do passado, aprendendo a amar e a perdoar . Nesses reencontros de prova e/ou expiação coletiva, compartilham dificuldades semelhantes e oportunidades de aprendizado que os convidam, pela convivência e pelo esforço conjunto, à prática das virtudes superiores. É nesse cenário de reajuste que, muitas vezes, a obsessão coletiva se manifesta. Aqueles que, no passado, foram cúmplices ou vítimas e permanecem no plano espiritual presos a sentimentos inferiores, como ódio ou rancor, aproveitam-se da fragilidade moral do coletivo encarnado para exercer sua influência, procurando retardar-lhes o avanço espiritual e comprometer o processo de reparação para o qual reencarnaram. ETAPAS DE INSTALAÇÃO Essa influência raramente se apresenta de forma explícita. Em geral, instala-se de modo sutil e progressivo, em etapas bem definidas: INFILTRAÇÃO SUTIL DAS IDEIAS NEGATIVAS Os Espíritos dominadores começam a introduzir ideias e sentimentos negativos no grupo — pessimismo, intolerância ou comportamentos moralmente distorcidos — que, a princípio, parecem inofensivos. ADESÃO PELA SINTONIA MENTAL É da lei que atraímos os Espíritos que se afinam conosco, tanto quanto somos por eles atraídos. Assim, os Espíritos que pretendem instaurar a obsessão coletiva se fortalecem ao encontrar reciprocidade para suas ideias inferiores nas mentes de suas vítimas, que lhes são moralmente afins. NORMALIZAÇÃO DO DESEQUILÍBRIO MORAL Com o tempo e a aceitação contínua dessas ideias, o que antes era estranho ou errado torna-se habitual, normal. O grupo passa a ser dirigido pelos próprios algozes desencarnados, que ditam as normas e o comportamento coletivo. CONSEQUÊNCIAS VISÍVEIS DA OBSESSÃO COLETIVA O resultado desse processo é um grupo submetido à influência das correntes inferiores, cuja convivência passa a ser marcada por egoísmo, intolerância, prepotência e desarmonia moral. Esse desequilíbrio coletivo prejudica a prática das virtudes e dificulta ou impede o cumprimento da missão reencarnatória para a qual o grupo se reuniu, atrasando seu progresso espiritual. AS MANIFESTAÇÕES MODERNAS DA OBSESSÃO COLETIVA Segundo Philomeno de Miranda, na obra em destaque, as obsessões coletivas na atualidade assumem formas mais sutis e abrangentes. Já não se limitam a surtos localizados (como os Possessos de Morzine , descritos por Kardec na Revista Espírita de 1862 e 1863), mas podem manifestar-se em crises sociais, movimentos ideológicos, guerras, vícios e desajustes morais que afetam grandes contingentes humanos . Nessas circunstâncias, falanges de Espíritos em sofrimento associam-se a grupos terrenos igualmente desequilibrados, reforçando ondas de intolerância, violência, desespero e materialismo. Esses fenômenos, explica o autor espiritual, não têm caráter punitivo, mas educativo, representando experiências de aprendizado e purificação coletiva, nas quais o sofrimento e o conflito funcionam como instrumentos de despertamento da consciência. ROMPENDO A SINTONIA As obsessões coletivas se estabelecem pela afinidade com pensamentos e sentimentos inferiores. A libertação, portanto, depende da quebra dessa sintonia, que deve começar no próprio indivíduo, mesmo que o problema seja de ordem coletiva. O ponto de partida deve ser a compreensão do fenômeno. O Espiritismo esclarece que essas ocorrências não são castigos divinos, mas consequências da lei de causa e efeito, que convidam à reparação e ao aprendizado moral. Encontraremos na reforma íntima a condição essencial para neutralizar a influência dos Espíritos em desequilíbrio . Essa renovação mental e comportamental deve fundamentar-se no amor e no respeito a Deus, ao próximo e a si mesmo, traduzindo-se em conduta digna e reta. Na prática, cabe a cada indivíduo substituir o orgulho pela humildade, o egoísmo pela caridade e a vingança pelo perdão, rompendo a sintonia que sustenta a influência negativa. O aperfeiçoamento individual conduz, naturalmente, ao progresso moral coletivo. Quando cada membro de um grupo se transforma interiormente, por meio do cultivo do amor, da fé raciocinada, da prece e da caridade, as correntes mentais inferiores que mantêm a obsessão coletiva ativa se enfraquecem. Assim, o ambiente se eleva gradualmente, refletindo as novas vibrações mentais, mais equilibradas e harmônicas. Texto extraído do livro   Mediunidade com Kardec   de  Patrick Lima . Capítulo 7: Obsessões Pergunta 72: Obsessões coletivas: compreensão e orientação espírita. Como citar: LIMA, Patrick. Mediunidade com Kardec. Poverello Edições, 2023. 1ª ed. REFERÊNCIAS FRANCO , Divaldo Pereira (psicografia). Mediunidade: Desafios e Bênçãos. Manoel Philomeno De Miranda (espírito). Editora LEAL, 2019. KARDEC , Allan. Revista Espírita – Jornal de estudos psicológicos – 1862. Tradução de Evandro Noleto Bezerra. FEB Editora, 4ª edição, julho de 2019. KARDEC , Allan. Revista Espírita – Jornal de estudos psicológicos – 1863. Tradução de Julio Abreu Filho. Edicel, 1ª edição, julho de 2002.

  • 06. Todos os espíritas são médiuns? Todo médium é espírita?

    Muitas pessoas, ao ouvirem a palavra mediunidade , tendem a associá-la quase imediatamente à Doutrina Espírita. Essa associação, embora natural, pode levar ao equívoco de se imaginar que a faculdade mediúnica tenha tido origem apenas com Allan Kardec ou que seja exclusiva dos adeptos do Espiritismo. Todos os espíritas são médiuns? Todo médium é espírita? Na realidade, a mediunidade é tão antiga quanto a própria humanidade . Desde os primórdios, manifesta-se em todos os povos e tradições, sem distinção de etnia, cultura, posição social ou condição moral. O que o Espiritismo fez, sob a orientação dos Espíritos superiores e o método criterioso de Kardec, foi estudar, esclarecer e oferecer bases seguras para sua compreensão e prática responsável. Assim, embora frequentemente associada ao Espiritismo, a faculdade mediúnica não se restringe aos seus círculos. Há médiuns em todas as tradições doutrinárias e religiosas — como a Umbanda, o Candomblé, o Santo Daime, o Catolicismo, o Protestantismo, o Budismo, entre outros — e também entre aqueles que não professam fé alguma. Não se deve concluir, por isso, que todos os adeptos dessas tradições sejam médiuns. Entretanto, em cada uma dessas vertentes, encontraremos indivíduos dotados da mediunidade em sua verdadeira acepção. ( vide questão 03: O que é médium? Todos somos médiuns ? ) Por fim, é essencial compreender que nem todo médium é espírita, assim como nem todo espírita é médium . Ser médium não depende de filiação doutrinária, assim como ninguém se torna padre ou ministro da eucaristia apenas por frequentar a missa ou rezar o terço. Texto extraído do livro Mediunidade com Kardec de Patrick Lima . Capítulo 2: Mediunidade Sem Medo Pergunta 06: Todos os espíritas são médiuns? Todo médium é espírita? Como citar: LIMA, Patrick. Mediunidade com Kardec. Poverello Edições, 2023. 1ª ed.

  • 40. Quais são as características de um bom dialogador?

    Doutrinador, dialogador, orientador ou médium esclarecedor, são alguns dos termos comumente utilizados para descrever o trabalhador espírita responsável pelo diálogo, orientação, educação e esclarecimento acerca dos princípios e ensinamentos da doutrina espírita, tanto para os Espíritos desencarnados, como os encarnados, em uma reunião mediúnica. Quais são as características de um bom dialogador? Em O Livro dos Médiuns , Kardec nos oferece valiosas diretrizes para a execução de uma reunião mediúnica com propósito sério e elevado – evitando a frivolidade e o uso da mediunidade para fins egoístas ou triviais –, bem como, da importância de instruir e orientar os Espíritos que estejam necessitados de esclarecimentos, etc. Porém, no decorrer da codificação espírita não iremos encontrar, em nenhuma das 23 obras assinadas por Kardec, qualquer menção direta ao termo doutrinador ou quaisquer outras variáveis desse vocábulo. Desse modo, é bem provável que, à medida que a doutrina dos espíritos tenha se expandido, principalmente em solo brasileiro, as atividades ocorridas nos centros espíritas, dentre elas as reuniões mediúnicas, tenham sofrido algumas reformulações, sendo melhores estruturadas e organizadas. Essa sistematização foi a responsável por definir e distribuir os trabalhadores espíritas em suas respectivas funções, dentre eles: os médiuns ostensivos, dialogadores, dirigentes, passistas, oradores, etc. Foi de forma natural e gradativa que, muito provavelmente, o termo doutrinador tenha se tornado popular dentro do movimento espírita brasileiro, sendo usado de modo informal para designar o responsável por dialogar e esclarecer os Espíritos em atendimento. Embora não exista um registro específico – até o presente – de quando e onde essa expressão tenha sido usada pela primeira vez, sua origem e utilização estão intimamente ligadas ao desenvolvimento e à prática da mediunidade nos centros espíritas, bem como da organização e sistematização adotada pelo movimento espírita em expansão. Já no Brasil, autores e oradores espiritistas como Chico Xavier e Divaldo Franco, por exemplo, sempre destacaram – em seus livros e/ou palestras – a importância de um orientador experiente frente as sessões mediúnicas, o que contribuiu para a popularização e a formalização do papel do dialogador em uma reunião espírita. Estando a par desses informes históricos, passemos as principais características que um dialogador precisa possuir – ou ao menos se esforçar para possuir – perante as responsabilidades assumidas diante do grupo mediúnico e da causa espírita. CARACTERÍSTICAS DE UM BOM DIALOGADOR Conhecimento acerca do Espiritismo e das obras de Allan Kardec; Conhecimento e Prática da Mediunidade: Um bom dialogador deve possuir conhecimento no que diz respeito a mediunidade e seus diversos tipos e especificações, além dos processos medianímicos; O bom dialogador deve possuir equilíbrio emocional, mantendo a calma e a serenidade, mesmo em situações de tensão ou conflito durante as sessões mediúnicas; Sabe ouvir atentamente o que lhe é dito, respondendo de maneira adequada por meio de um diálogo construtivo e respeitoso. Vive e pratica o que diz: um bom doutrinador deve exemplificar os princípios espíritas em sua própria vida, demonstrando moralidade, ética e integridade. Ao conversar, faz isso de modo coloquial (informal), comunicando-se de forma clara, objetiva e acessível, evitando jargões e termos complicados que possam confundir os participantes ou os Espíritos. Não usa tom salvacionista ou catequizador; Fica atento a humildade, para não se deixar levar pelo ego, querendo se mostrar como superior; sabe reconhecer seus próprios limites, além de estar sempre disposto a aprender e melhorar; Evita diálogos longos, debates intelectuais e discussões inconsequentes; Seu diálogo é voltado para o socorro, despertando o Espírito em atendimento para o momento em que se encontra. Desinteresse Material: O doutrinador deve realizar seu trabalho de forma voluntária, sem buscar ganhos financeiros ou quaisquer tipos de vantagens pessoais, seja através da própria espiritualidade (favores ou méritos que possa pensar em obter), como também do meio social em que está inserido; Trabalho em Equipe: Deve saber trabalhar em harmonia com os demais membros da equipe mediúnica, respeitando e valorizando as contribuições de cada um; Paciência e persistência: Paciência para lidar com Espíritos de diversas estirpes e para esclarecer dúvidas recorrentes dos participantes; persistência para continuar firme no seu papel, mesmo diante de desafios ou dificuldades. Texto extraído do livro Mediunidade com Kardec de Patrick Lima . Capítulo 4: O Médium e a Casa Espírita Pergunta 40: Quais são as características de um bom dialogador? Como citar: LIMA, Patrick. Mediunidade com Kardec. Poverello Edições, 2023. 1ª ed. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS KARDEC , Allan. O Livro dos Médiuns. Tradução de Salvador Gentile. 9ª edição. Editora Boa Nova, 2004.

  • 39. Pode o médium assumir a função de doutrinador em uma reunião mediúnica?

    É muito comum ouvirmos relatos, em diversas obras espíritas, sobre o famigerado planejamento reencarnatório , no qual o indivíduo, dependendo do seu estado evolutivo, participa e opina sobre a sua nova existência, em especial as provas que irá enfrentar, as expiações, os conflitos, a função que irá desempenhar no plano físico, dentre outros. Por que o médium deve evitar atuar como dialogador nas reuniões mediúnicas? Compreendemos ainda que cada médium antes de vir ao campo carnal, dedicou parte do seu tempo aos estudos espirituais, preparando-se – ainda no mundo dos Espíritos – para as funções que aqui irá desenvolver mediunicamente (uma espécie de especialidade mediúnica, seu carro-chefe medianímico). Sabendo que a casa espírita possui inúmeras funções de trabalho – seja como médium, dialogador, passista, instrutor do curso de educação mediúnica, palestrante, trabalhos sociais, etc. – é comum encontrarmos médiuns — vide questão 03 — atuando em mais de uma linha de frente, sem nenhum problema. Em relação a essa temática, aqui atentamos apenas para duas observações: A mediunidade exige esforço de mudança no tocante a reforma íntima, sacrifícios, estudos e bastante disciplina; deparando-se com os primeiros percalços do caminho, muitos médiuns tendem a recuar e ausentar-se das suas atividades mediúnicas, dando preferência a exercer exclusivamente outras atividades consideradas por eles menos rígidas, pesadas ou sofridas. Isto é, não querem mais atuar como médiuns — na acepção kardequiana do termo —, optando por outros cargos na casa espírita, desde que não lhe exijam esforço em se melhorar ou o contato com Espíritos sofredores. Nesse caso, o ideal é que o medianeiro – seja de psicofonia, psicografia, dentre outros – repense o seu papel e se mantenha no posto onde Deus lhe achou conveniente trabalhar e se desenvolver. Sobrando-lhe tempo e disposição, nada o impede de, além do trabalho mediúnico, exercer outras funções, como passista, palestrante/orador ou recepcionista do centro, por exemplo. O dialogador em uma reunião mediúnica é o trabalhador responsável por buscar esclarecer a entidade em atendimento, apresentando-lhe novas perspectivas de vida, outros pontos de vista, bases morais e evangélicas, sempre com muito amor, paciência, acolhimento e postura paterna. Já o médium é o trabalhador responsável por transmitir a comunicação entre os dois planos, e por ser sensível as energias do ambiente, não é aconselhável que, dentre as funções extras que o medianeiro queira exercitar, esteja entre elas o papel de dialogador. ESTADO DE INCONSCIÊNCIA Imaginemos, por um instante, que o dialogador precise faltar à reunião mediúnica e um médium ali presente assuma temporariamente o seu papel. Por ser suscetível a sentir e registrar as energias do ambiente, podendo ainda – a depender do seu tipo de mediunidade – ver, ouvir e sintonizar com a entidade que ali esteja em comunicação, o médium que está na função temporária de dialogador pode não conseguir realizar fielmente o diálogo, cedendo a psicofonia ou vindo a sofrer o baque energético da entidade sofredora em atendimento.  Como analogia, complementando a nossa linha de raciocínio, trazemos a mente a imagem de um motorista de transporte público conduzindo um veículo com dezenas de pessoas em seu interior – sob a sua responsabilidade –, mas que em um determinado momento, passa a ter os seus sentidos turvados, não conseguindo mais conduzir ou comandar o veículo que se encontra em pleno curso. A consequência desse ato é, sem dúvidas, um desastre iminente! O mesmo pode ocorrer com o médium que, ao dirigir uma reunião mediúnica ou o diálogo fraternal, corre o risco de entrar em sintonia direta (transe, psicofonia) com a entidade comunicante, onde deixa de exercer o papel de dialogador, função esta que assumiu temporariamente, e volta à função inicial de medianeiro, deixando o controle consciente da reunião. Sobre este ponto, o autor Hermínio de Miranda, em Diversidade dos Carismas , afirma que o primeiro aspecto a observar é o de que o dirigente das tarefas mediúnicas oferece melhores condições de êxito no desempenho da parte que lhe toca, se suas próprias faculdades - se as tiver - não o levarem a um estado de inconsciência. Ou seja, não é prudente confiar a direção dos trabalhos mediúnicos a pessoas que são propícias a entrarem em estado de passividade ou inconsciência . De fato, o médium — conforme a definição estabelecida por Kardec — deve evitar exercer as funções ativas de dialogador em uma reunião mediúnica devido a sua facilidade de entrar em sintonia com as energias e Espíritos em atendimento. Como todos possuem uma sensibilidade mediúnica mais ou menos desenvolvida, como afirma Kardec no decorrer das obras da codificação, pode ser que o dialogador (que em muitos casos também é o dirigente responsável pela reunião) tenha essa sensibilidade dilatada, mas que não se categoriza como mediunidade ostensiva, sendo muitas vezes uma leve intuição.   INTUIÇÃO A intuição é a faculdade que mais se manifesta dentre os dialogadores, sendo este o meio pelo qual os instrutores do mundo espiritual comandam e direcionam os trabalhos realizados no plano físico. Já os médiuns propriamente ditos, para além da intuição, podem também manifestar a vidência, audiência, psicofonia, o que frequentemente faz com que sintam e experimentem aquilo que a entidade em atendimento está sentindo, pensando ou escondendo. O dialogador, assim como o médium de apoio, por não possuírem mediunidade ostensiva, não sentem categoricamente a presença da entidade comunicante nem as suas emanações em desequilíbrio, muito menos a veem ou lhe escutam por vias mediúnicas, e consequentemente, não entram em sintonia direta com ela. Dessa maneira, conseguem permanecer em equilíbrio, sustentando a reunião através da prece, dos bons pensamentos e no caso do dialogador, do esclarecimento paternal. Sabemos que cada regra tem sua exceção e que o aconselhamento neste caso envolve a prudência e o bom-senso, não permitindo que a dialogação e a direção dos trabalhos mediúnicos estejam confiadas a alguém que possa entrar em um estado de inconsciência, neste caso, um médium de psicofonia ou psicografia. O sensitivo ( vide questão 03 ) , isto é, aquele que ainda não tem desenvolvida as suas faculdades mediúnicas de modo acentuado, mas que apenas apresenta de forma parcial – leve ou rarefeita – algumas sensações extracorpóreas, a depender dos casos , pode assumir as funções acima mencionadas (dialogador e direção da reunião).   O MÉDIUM COMO PRIMEIRO DIALOGADOR O médium é conhecido como o primeiro dialogador em uma reunião mediúnica, pois ao dar passividade a uma entidade, antes mesmo do dialogador ir ao seu encontro, é o próprio medianeiro que, através do pensamento , já está em diálogo com a entidade, acalmando-a, emanando fluidos renovadores, advertindo-a sobre o modo de agir, etc. Comparamos esse momento aos primeiros socorros de uma emergência hospitalar, na qual o médium prepara a entidade para o diálogo que está porvir. Importante destacar que esse papel de primeiro dialogador exercido pelo médium não é, de fato, o de dialogador em si, tendo em vista que médium e dialogador – durante a reunião mediúnica – apresentam ondas mentais diversas (ativas e passivas), não sendo possível alterná-las ao bel prazer. Em outros termos, é bastante improvável que o médium tenha condições psíquicas de conseguir exercer simultaneamente (e de modo equilibrado) o papel de medianeiro e dialogador, pois cada uma dessas atividades exige posturas mentais diferentes, sendo o médium agente passivo na comunicação e o dialogador agente ativo (no qual observa atentamente e, de modo lúcido, interage com a entidade desencarnada por meio do médium). UM CASO À PARTE Vimos até então uma situação em que, na ausência do dialogador responsável pelo esclarecimento das entidades em atendimento, um médium presente assume temporariamente o seu lugar. Quase sempre essa ação pode ser nociva ao agrupamento de trabalho devido a probabilidade do médium – que provisoriamente está como dialogador – entrar em sintonia com o Espírito em acolhimento, o que lhe impossibilita de cumprir fidedignamente, por mais bem intencionado que esteja, a função proposta. À exceção a esse caso é relacionada ao sensitivo , pessoa cuja sensibilidade está em desenvolvimento, mas que não é médium propriamente dito, nem possuí facilidade em entrar em conversação psicofônica com os Espíritos ou outras manifestações mediúnicas. Tratamos também do médium como primeiro dialogador , no qual, mentalmente, através do pensamento, acalma e prepara o Espírito para a conversação a seguir com o dialogador, ficando cada trabalhador (médium e dialogador) na sua devida função. Existem, porém, mais duas situações em que o médium se coloca como dialogador, muitas vezes sem nem se atentar ao seu modo de agir. Há reuniões mediúnicas cujo trabalhadores (médiuns, médiuns de apoio, passistas...), cada um no seu cargo de atuação, passam a opinar de forma concomitante com o dialogador. De modo claro, o dialogador encontra-se em conversação com o espírito (que se manifesta através de um médium), e os demais presentes passam a interferir no diálogo, seja através de palavras articuladas ou, até mesmo, via pensamento. Tudo isso afeta, mesmo munidos das melhores intenções, na harmonia do atendimento e na reunião em curso. Há Espíritos que se aproveitam da intromissão dos demais membros para descredibilizar a atuação do dialogador e buscam atrapalhar o andamento da reunião, informando que não querem mais conversar com o dialogador, que daquele momento em diante falarão apenas com outro membro... E assim vão ganhando tempo, enganando, mistificando, encaminhando o foco do atendimento para outra direção, etc. É como em uma conversação ordinária: se tivermos duas ou mais pessoas falando ao mesmo tempo (via pensamento ou palavras articuladas) com o mesmo indivíduo, dificilmente iremos ter um entendimento agradável ou harmonioso. Uma coisa é estar em prece, emanando bons fluidos e bons sentimentos pra entidade ali presente, enquanto o dialogador se encontra em conversação; outra coisa é dialogar simultaneamente com o doutrinador, buscando auxiliar o Espírito em questão, reforçando o que está sendo exposto, usando seus próprios pensamentos/palavras em uma dialogação paralela ou, muitas vezes, discordando do diálogo em andamento, trazendo, mesmo que inconsciente, a superioridade de que faria melhor (o que energeticamente é prejudicial ao trabalho, visto que os fluidos emanados são de prepotência, de arrogância, que seu modo de pensar é melhor que o do colega, dentre outros). O ideal é que todos os componentes da equipe mediúnica permitam que o dialogador realize o seu trabalho sem maiores intromissões, interferindo o menos possível na conversação, trazendo alguma informação adicional somente quando indispensável.  Na presença de mais de um dialogador em sala, usando de bom senso e etiqueta na relação com o trabalho em andamento, é de bom tom que sigam as instruções do dirigente da sala que poderá indicar qual dialogador irá travar a conversação com o Espírito que venha a se manifestar. E, por fim, temos um caso à parte. Muito raramente, dependendo do Espírito que esteja sendo atendido e do gravame da situação, a coordenação espiritual permite que um Espírito benfeitor se manifeste por meio de um médium encarnado presente na reunião, e através dele um diálogo seja travado com o Espírito que está se manifestando por outro médium. São agora dois médiuns, cada um servindo de veículo para um Espírito em específico, travando um diálogo. De um lado encontra-se um Espírito em atendimento dando uma comunicação psicofônica; do outro temos um Espírito benfeitor se manifestando por meio de outro aparelho mediúnico, visando colaborar com a doutrinação. Em casos como esse, o dialogador encarnado passa a silenciar, permitindo a conversação entre ambos os Espíritos (que se manifestam por meio de dois médiuns distintos), intervindo apenas quando necessário. Mesmo com a manifestação de um Espírito benfeitor, o dialogador (que em muitos casos também é o dirigente da reunião) continua sendo o responsável pelos trabalhos em curso, devendo permanecer atento, acompanhando o diálogo em questão e buscando perceber as nuances desse tipo de atendimento. Esse é, com efeito, um caso à parte, sendo raro nas reuniões mediúnicas a ocorrência dessas situações. Até porque, em atendimentos dessa natureza, principalmente a longo prazo, há sempre um desperdício de energia, seja do próprio médium encarnado como do Espírito benfeitor. Caso análogo ocorre com os médiuns que incorporam durante o passe espiritual, sendo esta uma situação em específico na qual trataremos mais adiante. Texto extraído do livro Mediunidade com Kardec de Patrick Lima . Capítulo 4: O Médium e a Casa Espírita Pergunta 39: Pode o médium assumir a função de doutrinador em uma reunião mediúnica? Como citar: LIMA, Patrick. Mediunidade com Kardec. Poverello Edições, 2023. 1ª ed. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS MIRANDA , Hermínio C. Diversidade dos Carismas. LACHATRE, novembro de 2019, 9ª edição.

  • 38. O médium pode trabalhar, simultaneamente, em mais de um centro espírita?

    Na questão anterior ( vide questão 37 ) – cuja leitura recomendamos para um melhor entendimento em relação ao tema aqui explanado – pincelamos de modo resumido alguns episódios de médiuns espíritas que, por uma série de fatores, passam a trabalhar simultaneamente em diversas casas espíritas e/ou espiritualistas. Dando continuidade à nossa linha de raciocínio, destacamos abaixo alguns pontos relevantes sobre o conteúdo proposto. O médium pode trabalhar, simultaneamente, em mais de um centro espírita? Em O Livro dos Médiuns  (cap. XX, questão 228), Allan Kardec já apontava que, muitas vezes, o orgulho é despertado no médium pelos que o cercam. Se ele tem faculdades um pouco transcendentes, é procurado e gabado e entra a julgar-se indispensável. Logo toma ares de importância e desdém, quando presta a alguém o seu concurso. Antes de mais nada, seria oportuno ao médium e aos demais trabalhadores espíritas que se encontrem nessa situação, ou que estejam pensando em trabalhar, de modo concomitante, em mais de um centro espírita e/ou espiritualista, se perguntarem: Quais motivos estão por trás dessa necessidade de querer trabalhar em diversas frentes espirituais? Será que essa vontade é estimulada por um orgulho oculto, no qual me sinto indispensável nas tarefas que pretendo participar? Existe alguma restrição quanto ao trabalho mediúnico em diferentes centros espíritas/espiritualistas? Eu sou capaz de conciliar, com a mesma qualidade, o trabalho em diversos centros? Os dirigentes das casas que frequento sabem que eu trabalho em outros locais de forma simultânea? Recebi da parte deles alguma instrução/orientação quanto a essa circunstância? Há alguma questão ética, moral ou psicológica que eu não esteja levando em consideração? Existe algum benefício real em trabalhar em diversas linhas espirituais ao mesmo tempo? Com base nas respostas acima, o médium são e consciente já é capaz de começar a discernir sobre a sua conduta. Porém, já podemos adiantar que o medianeiro espírita tem seu trabalho realizado com maior qualidade e excelência quando vinculado a uma única casa. Isso não o impede, quando além de médium também seja orador ou palestrante, de colaborar na programação de outras instituições ou, até mesmo, em trabalhos sociais distintos. AFINIDADE E SINTONIA Na vida e em qualquer lugar do universo, tudo é questão de sintonia. Sendo assim, é aconselhável ao medianeiro que busque a casa espírita – ou qualquer outro local – que ele mais sinta afinidade e identificação. No caso da equipe mediúnica, todos os membros devem manter entre si o sentimento de fraternidade, respeito, estima e união; não ocorrendo este preceito, estando um membro deslocado quanto à vigilância, já é o bastante para que o agrupamento esteja em desalinho e comprometido em sua estrutura. A este respeito, em Diversidade dos Carismas , o autor Hermínio C. Miranda destaca que “o trabalho mediúnico sério exige, de fato, ambientes reservados, severos padrões de disciplina, afinidades entre seus diversos membros , assiduidade e inúmeros outros componentes...” Na obra acima citada, Hermínio complementa ao dizer que a mediunidade não deve ser exercida senão com a sustentação de um grupo amigo e afim, harmonioso e equilibrado. Em todos os casos, é de suma importância que o médium encontre a casa e o grupo de trabalho que ele tenha apreço e afinidade (e que esses sentimentos sejam recíprocos), sendo este o melhor local para o desenvolvimento do seu trabalho espiritual. Se, por vezes, essa afinidade e harmonia diante da equipe mediúnica é difícil de se estabelecer quando o médium trabalha em apenas um grupo, imagina quando este participa de diversos grupos simultaneamente? Desse modo, como advertência, não recomendamos ao medianeiro a pretensão de querer compor vários agrupamentos mediúnicos ao mesmo tempo, principalmente em locais distintos, isto é, em diferentes casas espíritas e/ou espiritualistas. QUEM MUITO ABARCA, POUCO APERTA Embora Kardec não tenha abordado diretamente essa questão, trazemos a colaboração do livro espírita, em especial a obra Diretrizes de Segurança - Mediunidade , cuja colaboração do médium e orador espírita Divaldo Pereira Franco nos é de grande valia acerca do assunto ventilado. Questão 117 . O que podemos pensar da atitude de muitos que, à guisa de cooperarem com vários Centros Espíritas, na segunda-feira, frequentam um trabalho num determinado Centro; na terça estão num trabalho mediúnico, noutro Centro; na quarta-feira num terceiro, e assim sucessivamente? RESPOSTA DE DIVALDO FRANCO: "Há um ditado que diz: 'quem muito abarca, pouco aperta'. Quem pretende fazer tudo, faz sempre mal todas as coisas. Por que essa pretensão de ajudar a todos? Se cada um cumprir com seu dever, com dedicação, no local em que o Senhor o colocou, estará realizando um trabalho nobilitante. A presunção de atender a todos é, de certo modo, uma forma de autossuficiência, pois quem assim age acredita que, não estando em algum lugar, as coisas ali não irão bem. E quando desencarnar? Então é melhor vincular-se a um grupo de pessoas que lhe sejam simpáticas, para que as reuniões sérias, de que trata O Livro dos Médiuns, de Allan Kardec, possam produzir os frutos necessários e desejados." Podemos concluir, através da coerência de pensamento acima apresentada, que o médium (ou qualquer outro trabalhador espírita) deve: Ter foco e dedicação no trabalho que pretende realizar: Trabalhando em um único local, o sujeito é capaz de dedicar mais tempo, energia e esmero ao ofício proposto. Isso faz com que as tarefas realizadas por seu intermédio tenham mais qualidade. Modéstia e humildade: Por que essa pretensão de ajudar a todos? Reconheça que nem todos os problemas podem ser solucionados por você. Procure auxiliar quando possível, mas não se sobrecarregue com responsabilidades que não lhe cabe, isto é, não tenha a pretensão ou a ilusão de que, sem a sua participação, as coisas não podem correr bem. E quando desencarnar? Afinidade: Busque estar vinculado a um grupo de pessoas com interesses e valores semelhantes, que lhe sejam simpáticas e cuja estima lhe seja recíproca. CASAS ESPÍRITAS x TEMPLOS ESPIRITUALISTAS Como já abordamos anteriormente, a mediunidade não foi criada pelo espiritismo, muito menos, é restrita as casas e centros espiritistas. Desse modo, teremos diversas outras religiões e doutrinas cujo intercâmbio com o mundo espiritual é parte dos seus ritos de trabalho e, em muitos casos, veremos médiuns espíritas atuando em distintas frentes espirituais. Em uma palavra: além da casa espírita, o médium também trabalha, por exemplo, em centros umbandistas ou de candomblé simultaneamente... Desde já, não queremos dizer que uma vertente seja melhor do que a outra, pois entendemos que todos os caminhos levam a Deus, assim como todos devem estimar-se como verdadeiros irmãos, filhos de um mesmo Pai e membros de uma grande família. A única ressalva, além das acima apresentadas, é no tocante a afinidade. Se a afinidade é um dos pilares para que uma reunião mediúnica ocorra de forma séria e elevada, além das advertências tão bem explanadas por Kardec, como poderia o mesmo médium manifestar singular harmonia nos diversos ambientes em que trabalha, se essas variadas frentes em que ele atua apresentam diretrizes e filosofias diferentes e, por vezes, contrárias entre si? Por um lado, o espiritismo prega – a título de exemplo – a gratuidade em seus atendimentos, sendo que essa mesma diretriz não é seguida por outras linhas que se utilizam da mediunidade para suas ações de trabalho. Aqui não levanto o mérito de certo ou errado, apenas abordo as diferenças filosóficas entre o que nos deixou Allan Kardec – por meio da codificação –, e a maneira de agir apresentada por outras doutrinas/religiões mediúnicas. Como conciliar moral, ética e energeticamente essas diferenças de atuação? Em vista disso, é fundamental que o médium tenha o discernimento para escolher a casa e o local de trabalho espiritual que ele mais tenha simpatia e afeição, isto é, que ele mais goste, que mais se sinta à vontade e bem acolhido. Escolhendo à sua casa de coração, independentemente de qual religião ou doutrina ela venha a pertencer, o medianeiro pode entregar-se com mais desvelo, amor, carinho e comprometimento. Logo, médium amigo, se ainda não sabes onde queres fortalecer as tuas raízes, roga a Deus a sabedoria e busca sentir no teu coração os impulsos divinos, que, sem dúvidas, encontrarás o teu posto de serviço. No fim das contas, a lei de sintonia e afinidade nunca falha e, com isso, ingressamos de forma amiúde sempre onde encontramos os nossos pares energéticos, ou seja, sempre estaremos cercados por aqueles que estejam em nossa mesma vibração (encarnados e desencarnados), com os mesmos propósitos, sempre de acordo com o nosso momento evolutivo, seja ele espiritual, intelectual ou moral.  Texto extraído do livro Mediunidade com Kardec de Patrick Lima . Capítulo 4: O Médium e a Casa Espírita Pergunta 38: O médium pode trabalhar, simultaneamente, em mais de um centro espírita? Como citar: LIMA, Patrick. Mediunidade com Kardec. Poverello Edições, 2023. 1ª ed. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS KARDEC , Allan. O Livro dos Médiuns. Tradução de Salvador Gentile. 9ª edição. Editora Boa Nova, 2004. MIRANDA , Hermínio C. Diversidade dos Carismas. LACHATRE, novembro de 2019, 9ª edição. FRANCO , Divaldo Pereira; TEIXEIRA, Raul. Diretrizes de Segurança - Mediunidade. InterVidas, 2012.

  • 37. Quantos dias por semana o médium pode participar das atividades no Centro Espírita?

    A atividade mediúnica, assim como qualquer outra, se realizada em demasia pode gerar um imenso desgaste. No caso da mediunidade, esse desgaste será energético, repercutindo no corpo físico, mental e espiritual. Portanto, cada médium deve saber reconhecer em si, em seus diversos corpos, os sinais de fadiga e cansaço. Qual é a frequência ideal para o médium participar das atividades no Centro Espírita? Geralmente observamos o número de uma ou duas reuniões semanais na qual o médium se faz presente, sem que apresente nenhum sinal expressivo de esgotamento ou exaustão. Dessa maneira, conhecendo os limites do seu psicossoma, o medianeiro poderá – com segurança – trabalhar ou ausentar-se das reuniões e demais atividades espirituais em prol do seu equilíbrio. QUANTIDADE x QUALIDADE É bem mais válido um médium que participa de apenas uma atividade semanal na casa – mas que é sempre pontual, que se prepara física e mentalmente para o labor, que se dedica com afinco e esmero ao exercício de amparo aos Espíritos sofredores, que traz consigo o sentimento de amor e caridade –, ao invés de estar presente em três ou quatro encontros semanais, sem o mesmo rendimento ou comprometimento. O médium espírita deve trazer sempre consigo o prazer de trabalhar pelo simples objetivo de ser útil, e nunca, o trabalhar porque se sente obrigado  ou temeroso  de ausentar-se das atividades medianímicas, por medo de represálias espirituais. Cabe ainda ao medianeiro não se deixar envolver em um processo auto-obsessivo, alegando que sua mediunidade é muito forte e, caso não trabalhe mediunicamente todos os dias da semana, irá sentir dores, perseguições de Espíritos inferiores, dentre outras distorções cognitivas e emocionais. Infelizmente os fatos descritos acima não são isolados e ocorrem em diversas casas espíritas. Veremos ainda, com bastante frequência, esse tipo de médium ser orientado por seus instrutores e dirigentes para manter a sua permanência em apenas uma ou duas mediúnicas semanais. Não satisfeito com as orientações sabiamente oferecidas, o médium começa a procurar outras casas espíritas e/ou espiritualistas para a atividade espiritual, passando a trabalhar de modo concomitante em variados centros espíritas e/ou templos espiritualistas. Esse tipo de médium quando questionado sobre o porquê dessa necessidade exaustiva de trabalho, costuma responder que caso se ausente de suas atribuições, as mesmas não irão se sustentar e chegarão ao fim, pois ele é o pilar das mesas mediúnicas em que participa. Para sanar esse desequilíbrio, que tem como base uma auto-obsessão, além de demonstrar sinais inequívocos de um quadro fanático/obsessivo, cabem aos dirigentes e demais coordenadores das casas em que esse médium frequenta, a orientação adequada e o encaminhamento para o atendimento espiritual e desobsessivo, bem como o seu afastamento temporário das atividades em que se enxerga como sustentáculo indispensável, além do diálogo entre as casas/templos que ele frequenta, visando sempre o seu reequilíbrio e bem-estar. EQUILÍBRIO Allan Kardec destaca em O Evangelho Segundo o Espiritismo que o médium não deve fazer da sua mediunidade uma profissão, isto é, recebendo qualquer pagamento ou benefícios por seus serviços prestados, mesmo que esse, por sua própria conta, venha dispor integralmente do seu tempo para às atividades de assistência e intercâmbio espiritual. Diz ainda que o médium deve consagrar somente o tempo que materialmente possa dispor para a realização de suas atividades na seara espírita. Como bem sabemos, todo excesso, por melhor intencionado que possa ser, gera uma série de transtornos e desequilíbrios... Quando alguém dedica uma maior parte do seu tempo apenas para uma área da sua vida, pode ser que as demais estejam sendo negligenciadas e, em algum momento, gere um transtorno maior para aquele cujo foco esteve presente em apenas um único ponto, nesse caso, a espiritualidade. Se um médium dedica vários dias da sua semana ao labor na casa espírita, pode ser que ele esteja sendo omisso ou relapso com as demais áreas da sua existência, como a família, sua própria saúde, seu relacionamento amoroso, sua carreira profissional e educacional, sua vida social, amigos, etc. Um ser pleno é aquele que mantém todas as áreas da sua vida em equilíbrio, da espiritual à social, da familiar à profissional, dentre outras. Do que adianta o médium ou qualquer outro trabalhador espírita frequentar diariamente o centro em que trabalha, ajudando aqueles que necessitam se, dentro da sua própria casa, há pessoas que reclamam a sua ausência, desde um filho que sente saudades do pai/mãe (que não participa do seu crescimento e sua educação), bem como do cônjuge que nunca dispõe de tempo para a convivência familiar ou social? Em outros casos, do que vale participar de todas as atividades da casa espírita enquanto o seu trabalho profissional está pendente (sendo quase demitido por não realizar integralmente as tarefas que lhe é destinada); suas notas na faculdade deixam a desejar (por não dispor de tempo para fazer os trabalhos acadêmicos); ou que sua saúde está comprometida e sua qualidade de vida em declínio? Em síntese, podemos observar que, até mesmo os grandes médiuns que reencarnaram como missionários, para exercer o seu mandato mediúnico, trabalharam em seus ofícios profissionais de modo contínuo, dedicando a causa espírita somente o tempo que lhe era possível, sempre em equilíbrio. Com exceção dos médiuns celibatários ( vide questão 25 ), os demais missionários possuíam família, vida social, exerciam suas demais atividades e buscaram viver sempre da forma mais plena possível. O QUE DIZ ALLAN KARDEC? Por fim, no que tange ao limite de trabalho e do repouso, trazemos as sabias palavras de Kardec e dos bons Espíritos extraídas de O Livro dos Espíritos . PERGUNTA 682 . Sendo uma necessidade para todo aquele que trabalha, o repouso não é também uma lei da natureza? RESPOSTA DOS ESPÍRITOS: “Sem dúvida. O repouso serve para a reparação das forças do corpo e também é necessário para dar um pouco mais de liberdade à inteligência, a fim de que se eleve acima da matéria.” PERGUNTA 683 . Qual o limite do trabalho? RESPOSTA DOS ESPÍRITOS: “O das forças; quanto ao resto, Deus deixa livre o homem.” Em O Livro dos Médiuns , Kardec também trata desse assunto ao questionar: ITEM 221 2a: O exercício da faculdade mediúnica pode causar a fadiga? RESPOSTA: “O exercício muito prolongado de toda faculdade leva à fadiga. A mediunidade está no mesmo caso, principalmente aquela que se aplica aos efeitos físicos. Ela ocasiona necessariamente um gasto de fluido que leva à fadiga e que se repara pelo repouso.” ITEM 221 3a: O exercício da mediunidade pode ter inconvenientes em si mesmo no ponto de vista da saúde, abstração feita do abuso? RESPOSTA: “Há casos em que é prudente, necessário mesmo, abster-se ou ao menos moderar o uso; isso depende do estado físico do médium. O médium sente, geralmente, quando está cansado, então deve abster-se." Como costumamos dizer, aqui não estamos impondo regras ou normas a serem seguidas, diretrizes ou quaisquer outras imposições na vida do médium ou de quaisquer outros trabalhadores, sejam eles da seara espírita ou não. Nos limitamos somente a expor algumas explanações, buscando referenciar, sempre que possível, o que estamos abordando, para que o próprio sujeito, de acordo com as suas possibilidades e compreensão, escolha por si só aquilo que melhor lhe convém e o que deseja seguir de acordo com o seu livre arbítrio. Mas uma coisa é inegável: Na vida, equilíbrio é tudo! Texto extraído do livro Mediunidade com Kardec de Patrick Lima . Capítulo 4: O Médium e a Casa Espírita Pergunta 37: Quantos dias por semana o médium pode participar das atividades no Centro Espírita? Como citar: LIMA, Patrick. Mediunidade com Kardec. Poverello Edições, 2023. 1ª ed. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS KARDEC , Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Tradução de Salvador Gentile. 21ª edição. Editora Boa Nova, 2017. KARDEC , Allan. O Livro dos Espíritos. Tradução de Guillon Ribeiro. FEB; 93ª edição. Rio de Janeiro, 2014. KARDEC , Allan. O Livro dos Médiuns. Tradução de Salvador Gentile. 9ª edição. Editora Boa Nova, 2004.

  • 36. Quais são os requisitos para o médium participar das sessões mediúnicas em instituições espíritas?

    A política de ingresso às reuniões mediúnicas é variável de acordo com cada instituição espiritista. Porém, o que quase todas apresentam em comum é o estudo teórico necessário antes mesmo do início da parte prática. Portanto, ninguém deve ser encaminhado para as salas mediúnicas sem antes passar por um estudo teórico mais aprofundado, ou muito menos, pessoas que estejam enfrentando um processo obsessivo ou em completo desajuste psíquico. Nesses casos, antes de quaisquer exercícios medianímicos, deve haver o socorro e o amparo a essas pessoas, para somente depois, caso desejem e apresentem condições – psíquicas e emocionais – , encaminhá-las aos grupos de estudos mediúnicos.  Como é estruturado o curso de educação mediúnica nas casas espíritas? Nos centros espíritas, geralmente o modelo de estudo a ser seguido é chamado de GEM (Grupo de Estudos Mediúnicos), podendo haver outras nomenclaturas de acordo com cada instituição, porém, o objetivo é o mesmo. Os livros ofertados pela FEB Editora, a exemplo dos volumes Mediunidade: Estudo e Prática , frequentemente servem de suporte para estes estudos. Outros livros e apostilas também podem ser utilizados, não havendo obrigatoriedade em seguir o material disponibilizado pela Federação Espírita Brasileira (FEB). QUANTO TEMPO, EM MÉDIA, DURA O CURSO DE EDUCAÇÃO MEDIÚNICA? Os cursos de educação mediúnica costumam ter duração de dois anos, variando entre teoria e prática. O estudante do grupo de educação mediúnica contempla por volta de seis meses um roteiro teórico sobre espiritismo e mediunidade, e somente aos poucos, através de exercícios curtos de meditação, mentalização, harmonização, irradiação e percepções espirituais, vai aderindo e se habituando com a parte prática da mediunidade. O primeiro ano de estudo é voltado, em sua maioria, para a parte teórica, sendo, em média, 70% teoria e 30% prática. Já no segundo ano, a proporção é inversa, com 70% de prática e 30% de teoria, além dos estágios em salas mediúnicas que já estão em andamento. Concluída estas etapas, cada participante é direcionado a uma sala específica onde ingressará permanentemente em um núcleo de trabalho mediúnico. Vale ressaltar que o tempo proposto para o curso de educação mediúnica pode variar entre cada instituição. Há casas espíritas que ofertam cursos de apenas 6 meses, outras de 1 ano... O que é imprescindível, independentemente do tempo proposto por cada centro espírita, é que a teoria sempre anteceda a prática e que, em nenhuma circunstância, o responsável pelo grupo mediúnico permita o ingresso de pessoas aos grupos de trabalho que não tenham conhecimento prévio sobre o espiritismo e mediunidade. QUEM PODE PARTICIPAR DOS CURSOS DE EDUCAÇÃO MEDIÚNICA? Conforme exposto pela Federação Espírita Brasileira (FEB), o curso de desenvolvimento mediúnico, disponibilizado por quase todas as casas espíritas, é aberto aos jovens e adultos de todas as faixas etárias, desde que possuam conhecimento básico sobre Espiritismo. Para Divaldo Pereira Franco, no livro Diretrizes de Segurança – Mediunidade , o jovem ou adulto desejoso de reequilibrar-se, pode simultaneamente, enquanto estuda sobre o espiritismo, participar das atividades de desenvolvimento mediúnico. Ou seja, enquanto inicia seus estudos através do ESDE (Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita), poderá também participar do GEM (Grupo de Estudos Mediúnicos). Fica a critério da instituição espírita analisar e acompanhar individualmente cada caso e perceber quem está apto para ingressar concomitantemente em ambas as atividades. A MEDIUNIDADE TORNA-SE OSTENSIVA APÓS 2 ANOS DE CURSO? É sempre importante destacar que o curso de formação mediúnica não irá fazer eclodir a mediunidade em quem esse germe não é latente. Encontraremos ainda pessoas cujo germe da mediunidade existe, porém, mesmo após dois anos intensivos de GEM, a mediunidade não se manifesta de forma ostensiva, vindo isto ocorrer posteriormente, anos depois; o que nos mostra mais uma vez que a mediunidade acontece sempre no seu devido tempo e toda impaciência e fórmulas  para acelerar esse processo são estritamente perigosas, até mesmo pueris. Frisamos ainda que o curso de formação mediúnica não é exclusivo para os médiuns em desenvolvimento, mas para todos que desejam trabalhar nas reuniões mediúnicas (mesmo não possuindo mediunidade ostensiva), seja através do passe, da conversação com os Espíritos (dialogador) ou como médium de apoio (com preces e irradiações). QUAIS SÃO OS CRITÉRIOS PARA DETERMINAR SE O MÉDIUM ESTÁ APTO PARA PARTICIPAR DAS ATIVIDADES MEDIÚNICAS? Segundo a Federação Espírita Brasileira (FEB), o médium será considerado apto a se integrar ao grupo mediúnico quando: já consegue discernir, de forma geral, as ideias que lhe são próprias e as que são oriundas dos Espíritos comunicantes; apresenta bom controle (educação) emocional e psíquico, conduzindo-se com respeitabilidade durante as manifestações dos Espíritos; revela esforço de combate às imperfeições e oferece condições para se dedicar com afinco à tarefa; demonstra disposição para servir com desprendimento, mantendo-se atualizado em termos doutrinários. Sendo assim, compreendemos que não é somente a conclusão do curso de educação mediúnica que irá habilitar o médium para ingressar nas sessões de intercâmbio espiritual. Outros pontos também devem ser observados, desde o seu desejo sincero em servir a seara espírita; se possuí equilíbrio psíquico e emocional; dedicação ao estudo das obras espíritas, principalmente as de Allan Kardec; assiduidade e compromisso com as atividades da casa espírita, desde as obras assistenciais até as demais atividades relacionadas ao bom funcionamento do centro; entre outros. FORMAÇÃO CONTÍNUA Ser médium no dia a dia é entender que esse labor exige renúncias, sacrifícios, provações e bastante disciplina. A caridade ao próximo, nos dois lados da vida, não deve ser esquecida, e sim, praticada com amor e dedicação. O estudo mediúnico também não deve ser relegado ou esquecido, pois, a formação mediúnica é constante, mesmo após a conclusão do curso inicial de desenvolvimento/educação mediúnica na casa espírita. Na prática, veremos também que, as reuniões de amparo e consolo aos Espíritos sofredores e aflitos, assim como as reuniões desobsessivas, possui significativo papel para o médium, fazendo ressoar as fibras mais profundas do seu coração, desenvolvendo ou despertando emoções delicadas da sua alma, fazendo com que, pouco a pouco, virtudes como a caridade, a compaixão e outros sentimentos de solidariedade ganhem espaço em seu íntimo. Texto extraído do livro Mediunidade com Kardec de Patrick Lima . Capítulo 4: O Médium e a Casa Espírita Pergunta 36: Quais são os requisitos para o médium participar das sessões mediúnicas em instituições espíritas? Como citar: LIMA, Patrick. Mediunidade com Kardec. Poverello Edições, 2023. 1ª ed. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS MEDIUNIDADE : estudo e prática. Programa 1. / Marta Antunes de Oliveira Moura (organizadora). — 2. ed. — 1. imp. — Brasília: FEB, 2014. FEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRA . Mediunidade. Disponível em: https://www.febnet.org.br/portal/2019/07/17/mediunidade/ . Acesso em: 11 maio 2022. FRANCO , Divaldo Pereira; TEIXEIRA, Raul. Diretrizes de Segurança - Mediunidade. InterVidas, 2012.

  • 35. Na ausência de um centro espírita, como posso me orientar e desenvolver minha mediunidade?

    É válido ressaltar – ou relembrar – que a mediunidade não é exclusiva da doutrina espírita (muito menos foi criada por ela), estando presente em diversas religiões, culturas, etnias, meios sociais, etc. Existindo assim, provenientes de diferentes doutrinas e religiões, outras fontes de conhecimentos com relação aos fenômenos medianímicos e o seu desenvolvimento. Não obstante, apesar da mediunidade estar presente na seio da humanidade desde os primeiros passos do homem sobre a Terra, foi através de Allan Kardec – com o lançamento de O Livro dos Médiuns (1861) – que veremos a mediunidade sendo pesquisada de forma aprofundada e sensata, o que torna lícito dizer que o centro espírita é, de fato, o local mais indicado para o estudo e o desenvolvimento dos dons mediúnicos. O centro espírita é o local mais indicado para o desenvolvimento da mediunidade. Reconhecendo o  Livro dos Médiuns  como o ponto de partida mais seguro para o estudo da mediunidade, encontraremos nas casas espíritas o ambiente mais prudente para o desenvolvimento do mediunismo, além dos grupos de educação mediúnica sob a supervisão de instrutores competentes, experientes e versados no intercâmbio entre os planos físico e espiritual. Atualmente existem centros espíritas atuantes em todos os estados e capitais brasileiras, todavia, pode ocorrer que o médium não encontre uma casa espírita em sua circunvizinhança, no qual o centro mais próximo pode estar localizado em uma cidade vizinha e de difícil acesso; ou ainda, em outros casos, o aspirante a médium pode residir em outro país, onde não haja sequer uma casa espírita. Diante deste quadro, as 23 obras de Allan Kardec são sempre opções valiosas para o médium iniciar os seus estudos, obtendo assim, esclarecimentos referentes à mediunidade, espiritismo, reforma moral, dentre outros. Um ponto importante sobre essas obras é a sua acessibilidade, podendo ser encontradas, em sua maioria, de modo gratuito – ou a baixo custo – em diversos sites da internet. PRÁTICA MEDIÚNICA ISOLADA OU NO AMBIENTE DOMÉSTICO Frisamos ainda que não estamos aconselhando a prática mediúnica no ambiente doméstico ou de forma isolada , seja ela a psicofonia, psicografia, a assistência aos irmãos sofredores, o atendimento aos encarnados ou qualquer outra experimentação medianímica. O autor e pesquisador espírita Hermínio C. Miranda, em Diversidade dos Carismas , nos adverte ao escrever: “O médium que resolva, portanto, praticar suas faculdades no isolamento estará correndo sérios riscos de envolvimento indesejável com os mistificadores da invisibilidade. Os riscos não cessam, é claro, apenas porque ele se juntou a um grupo bem-intencionado, mesmo porque são muitos os que se deixam fascinar com impressionante facilidade por manifestações ou textos habilmente arranjados e atribuídos a nomes famosos e respeitáveis. O que protege médiuns e demais participantes desse tipo de envolvimento é a vigilância e a atenção com o teor, o significado e as implicações das manifestações.” Ainda na supracitada obra, Hermínio de Miranda reafirma o seu pensamento ao dizer que o médium que a pratica isoladamente está exposto a hábeis e envolventes mistificadores . Muitas vezes, nem percebe que já se encontra fascinado por mentirosos que se fazem passar por figuras importantes, assumindo indevidamente nomes que merecem respeito e acatamento. O QUE FAZER? Estamos falando aqui, de uma situação específica, na qual o médium encontra-se sem poder comparecer a uma casa espírita e está passando pelo revés do aflorar mediúnico. Desse modo, ao perceber as manifestações do aflorar mediúnico repetindo-se com frequência, o médium incipiente, privado de comparecer presencialmente a uma casa espírita, pode recorrer a leitura edificante por meio das obras acima citadas, para que dessa maneira, adquira conhecimentos básicos acerca da mediunidade e do espiritismo em si. A prece diária, o evangelho no lar, a prática constante da caridade e o estudo consciente das obras de Kardec, são ferramentas que auxiliarão o indivíduo a passar por esse despertar medianímico da forma mais branda possível.   Além dos livros aqui mencionados, que servem de base para o nosso estudo, encontramos ainda, na atualidade, algumas casas espíritas que oferecem de modo virtual, através da internet, cursos sobre espiritismo¹, além da prática das vibrações (preces) e o atendimento fraterno. Dessa maneira, mesmo sem ter uma casa espiritista nas proximidades da sua residência, o sujeito, apesar da distância, estará em contato com um centro espírita, e consequentemente, com o seu grupo de trabalhadores (encarnados e desencarnados), podendo receber o auxílio, o suporte, a terapêutica correta e as diretrizes necessárias diante dessa fase de eclosão mediúnica. ¹ Curso sobre Espiritismo (ESDE - Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita ou EADE - Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita) é diferente de curso de educação mediúnica (GEM - Grupo de Estudo Mediúnico). Nesse caso, o curso de educação ou desenvolvimento mediúnico nas modalidades on-line, remota ou à distância, são desaconselháveis, para não dizer perigosos e estouvados, além de não condizer com as práticas prudentes abordadas pela doutrina dos Espíritos. Em suma, recomendamos ao médium em afloramento a leitura e o estudo sobre o espiritismo, em especial O Livro dos Médiuns , mas nunca o desenvolvimento medianímico isoladamente, no âmbito doméstico ou qualquer outro ambiente fora da casa espírita.  Texto extraído do livro Mediunidade com Kardec de Patrick Lima . Capítulo 4: O Médium e a Casa Espírita Pergunta 35: Na ausência de um centro espírita, como posso me orientar e desenvolver minha mediunidade? Como citar: LIMA, Patrick. Mediunidade com Kardec. Poverello Edições, 2023. 1ª ed. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS MIRANDA , Hermínio C. Diversidade dos Carismas. LACHATRE, novembro de 2019, 9ª edição.

  • 34. Como escolher um centro espírita seguro e confiável para estudar e desenvolver a minha mediunidade?

    “Espíritas! amai-vos, eis o primeiro ensinamento. Instruí-vos, eis o segundo.” (Espírito da Verdade. Paris, 1860 | O Evangelho Segundo o Espiritismo ) Como escolher um centro espírita seguro e confiável para estudar e desenvolver a minha mediunidade? O local mais indicado e seguro para o estudo e o desenvolvimento da mediunidade é, sem dúvidas, uma casa espírita. Dizemos isso, pois a Doutrina Espírita foi – e ainda é – a responsável por nos trazer um grande acervo de livros confiáveis referentes à mediunidade e a espiritualidade em geral. Dentre essas obras de inegável valor destacamos – como referência principal e inigualável – o compilado de estudos, questionamentos e experimentações que culminaram na publicação de O Livro dos Médiuns ou Guia dos Médiuns e dos Evocadores , por Allan Kardec em 1861, além dos livros psicografados por Francisco Cândido Xavier e de outros médiuns/autores idôneos. Kardec nos deixou um legado, bem como um aconselhamento pétreo, incitando-nos ao estudo e instrução. À vista disso, vemos hoje em quase todos os templos espiritistas, cursos voltados para o estudo da mediunidade (e espiritismo em geral), tendo como auxiliadores desse processo, pessoas experientes na lide mediúnica, trabalhadores espíritas versados, além da própria espiritualidade superior que organiza e acompanha cada encontro com esmero. PRECISA SER FILIADO A FEB? O primeiro ponto que pode nos auxiliar a identificar um centro espírita – que segue a codificação de Allan Kardec – é a sua filiação a Federação Espírita Brasileira (FEB). Tal credenciamento tem como objetivo a unificação e o fortalecimento dos ideais espíritas no Brasil, e nunca uma obrigatoriedade. Dessa forma, entendemos que existem muitas casas sérias, genuinamente espíritas, que preferem seguir sem serem filiadas à FEB ou qualquer outra instituição, e nem por isso, deixam de ser bons locais para se recorrer, estudar, frequentar ou trabalhar. A CASA ESPÍRITA PODE COBRAR MENSALIDADES? Outro elemento que nos ajuda a reconhecer uma casa propriamente espírita, quiçá o mais importante, é o fato de não haver cobranças de nenhum gênero (dinheiro ou qualquer outra obrigatoriedade de pagamentos ou recompensas) para que o devido amparo seja ministrado. Para angariar fundos e pagar suas despesas, as casas espiritistas geralmente recorrem aos bazares, rifas, doações voluntárias, venda de livros, dentre outros. Ou seja, todas as atividades da casa espírita devem ser gratuitas, inclusos aqui o acesso as palestras, passes e estudos em geral. Infelizmente temos visto algumas casas espíritas, filiadas à FEB ou não, cobrarem mensalidades – ou semestres inteiros – para que os médiuns e frequentadores participem de atividades como palestras, passes, reuniões mediúnicas, seminários, festividades e estudos. Em muitos casos o indivíduo pode ser impedido de frequentar a casa ou ser excluído de certas atividades por não dispor da colaboração exigida, isto é, por não pagar – ou não poder pagar – o valor que a instituição impõe. A sensatez também nos diz que a gratuidade oferecida por certos locais, não os qualifica integralmente como recintos sérios e confiáveis, ficando o alerta do bom senso e da vigilância para os que ali buscam ingressar. CARACTERÍSTICAS DE UM BOM CENTRO ESPÍRITA É válido lembrar que cada centro espírita possui suas características próprias e que o neófito deve optar por um centro que esteja em sintonia com suas necessidades e anseios¹. Desse modo, sem a intenção de nos limitarmos ou esgotarmos os devidos pré-requisitos, compreendemos como um bom centro espírita , aqueles que possuem os seguintes caracteres básicos: 1 – Estudo aprofundado das obras de Allan Kardec e de outros autores espíritas idôneos e sérios; 2 – Pureza doutrinária: fidelidade aos princípios da doutrina espírita, sem distorções ou interpretações pessoais; 3 –   Gratuidade em todas as formas de assistência social e espiritual, como passes, palestras, evangelização infantil, atendimento fraterno, visitas a enfermos, etc; 4 – Atendimento fraterno e caridoso a todos que o procurem, sem distinção de nenhuma espécie; 5 – Ensino e desenvolvimento da mediunidade de forma segura e responsável, com base nos princípios da Doutrina Espírita; 6 – Palestras, estudos e reflexões sobre os ensinamentos de Jesus e Kardec, objetivando o desenvolvimento do autoconhecimento e a transformação moral e intelectual do indivíduo; 7 – Receptividade a pessoas de diferentes crenças, origens, classes sociais, dentre outras; 8 – Participação ativa na comunidade local, através de ações de caridade e projetos sociais; 9 – Evita dogmatismo, proselitismo e fanatismo; 10 – Quando possível, que disponha de uma biblioteca com livros espíritas à disposição dos frequentadores. 11 – Funcionamento organizado e transparente, com diretoria atuante e responsável; 12 – Recursos financeiros administrados com ética e responsabilidade; Prestação de contas clara e regular aos frequentadores; De modo contrário, todo centro ou casa espírita – independentemente da fama ou do nome que possui – que faz o uso da mediunidade com fins lucrativos, alimentando pautas sensacionalistas e místicas, que pregam a obrigatoriedade de algum pagamento, que buscam prejudicar alguém, que impõe o medo e a exclusão, o preconceito ou outras práticas bizarras contrárias ao Espiritismo, não podem ser considerados como centros espíritas legítimos. CENTRO ESPÍRITA "KARDECISTA" (sobre o uso do termo kardecista , vide questão 44 ) Uma casa verdadeiramente espírita, como aqui já citado, não faz cobrança de nenhuma espécie. Outro ponto que distingue a doutrina dos Espíritos das demais doutrinas espiritualistas, é que o espiritismo não utiliza recursos externos para a realização de suas atividades, como velas, plantas, bebidas, charutos, cartas, búzios, indumentárias específicas ou quaisquer outros objetos. O espiritismo não tem nenhuma relação com trabalhos de magia ou feitiçaria; adivinhações; promessas de cura ou enriquecimento; amarrações (trazer a pessoa amada em 3 dias); banhos de ervas; limpeza energética mediante pagamento (a cobrança também é, comumente, chamada de energia de troca); imolação de animais, dentre outros. Aqui não estamos fazendo julgamentos ou qualquer juízo de valor referentes aos templos, casas, centros , instituições e federativas que trabalham dessa maneira. Nossas palavras buscam apenas ratificar que esse modo de agir não corresponde com os ensinos de Allan Kardec e os princípios da doutrina espírita. Portanto, mesmo que uma casa traga em seu nome a nomenclatura espírita – centro espírita, templo espírita, casa espírita, kardecista, etc –, mas que pratica a cobrança, a obrigatoriedade de algo, que impõe o medo ou interfere direta ou indiretamente na vida e no livre arbítrio do próximo, ela, a instituição em si, não é verdadeiramente espírita. ¹ Cada centro espírita possui suas próprias especificações e inclinações. Alguns têm como foco o estudo das obras de Kardec e as palestras; outros abordam mais acentuadamente as terapêuticas voltadas para a saúde, como os passes e cirurgias espirituais; há casas cujo trabalho é direcionado para as cartas consoladoras (psicografia) e desobsessão; veremos também instituições que dão mais ênfase às questões sociais... São inúmeras as variedades referentes ao modo de atuação das casas espíritas, ficando a cargo de cada um, conhecer e optar pela instituição que melhor lhe aprouver. Texto extraído do livro Mediunidade com Kardec de Patrick Lima . Capítulo 4: O Médium e a Casa Espírita Pergunta 34: Como identificar um centro espírita seguro e confiável para estudar e desenvolver a minha mediunidade? Como citar: LIMA, Patrick. Mediunidade com Kardec. Poverello Edições, 2023. 1ª ed. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS KARDEC , Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Tradução de Salvador Gentile. 21ª edição. Editora Boa Nova, 2017.

  • 33. Como desenvolver a mediunidade de forma segura?

    Há pessoas que revelam, sem grandes cerimônias, o desejo de serem médiuns e buscam a todo custo o seu desenvolvimento medianímico. Por impaciência ou ansiedade, acabam negligenciando o roteiro natural da vida, que nos ensina, através das leis divinas, que tudo ocorre no seu devido tempo. Dessa maneira, muitos médiuns iniciam sua jornada mediúnica de modo imprudente, caminhando para o desequilíbrio e muitas vezes, abrindo precedentes para um processo obsessivo. Como desenvolver a mediunidade de forma segura? Como nos instrui o benfeitor Miramez no livro Médiuns , psicografia de João Nunes Maia: querer ser médium não basta.  Precisamos colocar os nossos dons a serviço dos bons Espíritos. Sabemos, porém, que os Espíritos superiores encontram maior facilidade de aproximação para com os médiuns que buscam o seu automelhoramento diário, seja por meio da prática do bem, da caridade e tantas outras virtudes ensinadas através da moralidade exposta nos evangelhos de Jesus Cristo. Como de praxe, não pretendemos ditar normas de conduta ou impor condições ao medianeiro. Aqui, nos limitamos a expor que tudo na vida obedece a leis naturais, e uma dessas leis é a da sintonia, sendo esta uma das mais relevantes no contexto da mediunidade. MEDIUNIDADE COM JESUS Partindo do trocadilho espírita, dize-me o que pensas que eu te direi com quem estás sintonizado , ou melhor, dize-me o que pensas que eu te direi quem são as tuas companhias espirituais ,  encontraremos na figura do Cristo – o médium de Deus – o melhor caminho para seguirmos. Ratificando os conceitos acima apresentados, destacamos um trecho do livro Missionários da Luz  (André Luiz/Chico Xavier) no qual o instrutor Alexandre – em palestra cordial – ressalta a importância da mediunidade com Jesus: “Mediunidade – prosseguiu ele, arrebatando-nos os corações – constitui meio de comunicação, e o próprio Jesus nos afirma: eu sou a porta... Se alguém entrar por mim será salvo e entrará, sairá e achará pastagens! Por que audácia incompreensível imaginais a realização sublime sem vos afeiçoardes ao Espírito de Verdade, que é o próprio Senhor? Ouvi-me, irmãos meus!... Se vos dispondes ao serviço divino, não há outro caminho senão Ele, que detém a infinita luz da verdade e a fonte inesgotável da vida!" Dando continuidade aos seus ensinos, ainda na referida obra, o benfeitor esclarece que "não existe outra porta para a mediunidade celeste [...] Sem o Cristo, a mediunidade é simples meio de comunicação e nada mais, mera possibilidade de informação, como tantas outras, da qual poderão assenhorear-se também os interessados em perturbações, multiplicando presas infelizes. ” COMPANHIAS ESPIRITUAIS Com relação à sintonia e consequentemente, afinidade, o instrutor Alexandre – na obra supracitada – arremata: “Sempre será possível abrir meios de comunicação entre vós outros e os planos que vos são invisíveis, mas não esqueçais de que as afinidades são leis fatais de reunião e integração nos reinos infinitos do Espírito! Sem os valores da preparação, encontrareis irremediavelmente a companhia dos que fogem aos processos educativos do Senhor; e sem as bênçãos da responsabilidade encontrareis logicamente os irresponsáveis.” A este respeito, em Diversidade dos Carismas , o autor Hermínio C. Miranda destaca: “Esse é o aspecto vital em todo o esquema do desenvolvimento da mediunidade. A rigor, médium, é desde que renasceu com as programações correspondentes, na trilogia corpo/perispírito/espírito. O que tem ele a fazer para que suas faculdades funcionem a contento é criar em si mesmo condições adequadas de comportamento, de seriedade, de harmonização interior.”   CAMINHO SEGURO Sendo assim, encontraremos dois caminhos para a mediunidade, sendo eles, a Mediunidade com Jesus  e a Mediunidade sem Jesus.  Logicamente, encontraremos através da Mediunidade com Jesus  o caminho mais seguro para seguir. Não dizemos o mais fácil, pois como o próprio Cristo nos advertiu por meio do apóstolo Lucas, a pessoa que deseja acompanhar os Seus ensinamentos, que pegue a própria cruz e o Siga. Essa cruz referida em Lucas 9:23 são os obstáculos e os infortúnios que cada de um de nós enfrenta diariamente, e no caso dos médiuns, essa cruz tem o peso dobrado. Mas o Mestre também nos ensina que o fardo pesado não é direcionado aos ombros fracos, portanto, não devemos esmorecer em nossa caminhada, pois a recompensa daquele que persevera até o fim, seguindo os ensinamentos do Cristo, é multiplicada ao cêntuplo.   CUIDADOS COM A MEDIUNIDADE Assim como a eletricidade que traz inúmeros benefícios ao planeta, mas que carece de cuidados próprios, a mediunidade também exige atenção especial para que possa ser exercida com segurança, cautela e prudência . Dentre as ponderações iniciais que o médium precisa ter diante da sua faculdade, estão inclusos o estudo mediúnico, a educação emocional/sentimental e a prática da reforma íntima, isto é, o esforço diário para superar as más tendências e as inclinações inferiores. Texto extraído do livro Mediunidade com Kardec de Patrick Lima . Capítulo 4: O Médium e a Casa Espírita Pergunta 33: Como desenvolver a mediunidade de forma segura? Como citar: LIMA, Patrick. Mediunidade com Kardec. Poverello Edições, 2023. 1ª ed. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS MAIA , João Nunes (psicografia). Médiuns. Miramez (espírito). Fonte Viva, 19ª edição, 2017. XAVIER , Francisco Cândido. Missionários da Luz. André Luiz (espírito). FEB Editora, 2018. MIRANDA , Hermínio C. Diversidade dos Carismas. LACHATRE, novembro de 2019, 9ª edição. BÍBLIA DE JERUSALÉM . Lucas 9:23. 14ª impressão. Editora PAULUS, 2017.

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