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72. Obsessões coletivas: compreensão e orientação espírita.

  • Foto do escritor: Patrick  Lima
    Patrick Lima
  • 9 de nov.
  • 4 min de leitura

Atualizado: 10 de nov.

Se a obsessão simples é a influência persistente de um Espírito sobre um indivíduo, a obsessão coletiva é a ação contínua e organizada de um grupo de Espíritos, ainda vinculados a sentimentos inferiores, sobre uma coletividade de encarnados.


Retrato colorido em alta resolução de Allan Kardec, pioneiro do Espiritismo e dos estudos sobre mediunidade, com fundo escuro tipo lousa escolar, destacando seu rosto detalhado e expressão séria.
Obsessões coletivas: causas, manifestações e caminhos para superação

Em Mediunidade: Desafios e Bênçãos, o autor espiritual Manoel Philomeno de Miranda — pela psicografia de Divaldo Franco — esclarece que a obsessão coletiva pode se manifestar como epidemias psíquicas, nas quais ideias e sentimentos perturbadores se propagam rapidamente entre os indivíduos, ou como a ação de falanges espirituais moralmente desequilibradas que agem de modo invasivo e destrutivo sobre os grupos visados.


Esses Espíritos buscam dominar as mentes da coletividade, podendo influenciar desde pequenos núcleos familiares até os destinos de nações inteiras.



ORIGEM


Segundo Philomeno, em sua obra citada, a causa primária das obsessões coletivas repousa na inferioridade moral do nosso planeta, onde ainda predominam as paixões primárias, como o egoísmo, ciúme, ira, sensualidade descontrolada, medo, entre outras. Os Espíritos, sujeitos à Lei de Afinidade, atraem-se segundo a natureza de seus sentimentos e pensamentos. Assim, aqueles que, em existências passadas, se uniram para cometer atos reprováveis — movidos pelo orgulho, ganância ou vingança — criam entre si laços profundos de débito e cumplicidade.


Esses vínculos não se desfazem com a morte do corpo. Persistem além do túmulo e frequentemente conduzem os mesmos Espíritos a experiências reencarnatórias coletivas.


A Justiça Divina, de forma amorosa, sábia e pedagógica, permite que esses Espíritos reencarnem juntos, em um mesmo núcleo, seja na mesma família, cidade ou país, com o propósito de reparar as faltas do passado, aprendendo a amar e a perdoar.


Nesses reencontros de prova e/ou expiação coletiva, compartilham dificuldades semelhantes e oportunidades de aprendizado que os convidam, pela convivência e pelo esforço conjunto, à prática das virtudes superiores. É nesse cenário de reajuste que, muitas vezes, a obsessão coletiva se manifesta.


Aqueles que, no passado, foram cúmplices ou vítimas e permanecem no plano espiritual presos a sentimentos inferiores, como ódio ou rancor, aproveitam-se da fragilidade moral do coletivo encarnado para exercer sua influência, procurando retardar-lhes o avanço espiritual e comprometer o processo de reparação para o qual reencarnaram.



ETAPAS DE INSTALAÇÃO Essa influência raramente se apresenta de forma explícita. Em geral, instala-se de modo sutil e progressivo, em etapas bem definidas:


  • INFILTRAÇÃO SUTIL DAS IDEIAS NEGATIVAS Os Espíritos dominadores começam a introduzir ideias e sentimentos negativos no grupo — pessimismo, intolerância ou comportamentos moralmente distorcidos — que, a princípio, parecem inofensivos.

  • ADESÃO PELA SINTONIA MENTAL É da lei que atraímos os Espíritos que se afinam conosco, tanto quanto somos por eles atraídos. Assim, os Espíritos que pretendem instaurar a obsessão coletiva se fortalecem ao encontrar reciprocidade para suas ideias inferiores nas mentes de suas vítimas, que lhes são moralmente afins.

  • NORMALIZAÇÃO DO DESEQUILÍBRIO MORAL Com o tempo e a aceitação contínua dessas ideias, o que antes era estranho ou errado torna-se habitual, normal. O grupo passa a ser dirigido pelos próprios algozes desencarnados, que ditam as normas e o comportamento coletivo.

  • CONSEQUÊNCIAS VISÍVEIS DA OBSESSÃO COLETIVA O resultado desse processo é um grupo submetido à influência das correntes inferiores, cuja convivência passa a ser marcada por egoísmo, intolerância, prepotência e desarmonia moral. Esse desequilíbrio coletivo prejudica a prática das virtudes e dificulta ou impede o cumprimento da missão reencarnatória para a qual o grupo se reuniu, atrasando seu progresso espiritual.




AS MANIFESTAÇÕES MODERNAS DA OBSESSÃO COLETIVA

Segundo Philomeno de Miranda, na obra em destaque, as obsessões coletivas na atualidade assumem formas mais sutis e abrangentes. Já não se limitam a surtos localizados (como os Possessos de Morzine, descritos por Kardec na Revista Espírita de 1862 e 1863), mas podem manifestar-se em crises sociais, movimentos ideológicos, guerras, vícios e desajustes morais que afetam grandes contingentes humanos.


Nessas circunstâncias, falanges de Espíritos em sofrimento associam-se a grupos terrenos igualmente desequilibrados, reforçando ondas de intolerância, violência, desespero e materialismo.


Esses fenômenos, explica o autor espiritual, não têm caráter punitivo, mas educativo, representando experiências de aprendizado e purificação coletiva, nas quais o sofrimento e o conflito funcionam como instrumentos de despertamento da consciência.



ROMPENDO A SINTONIA


As obsessões coletivas se estabelecem pela afinidade com pensamentos e sentimentos inferiores. A libertação, portanto, depende da quebra dessa sintonia, que deve começar no próprio indivíduo, mesmo que o problema seja de ordem coletiva.


O ponto de partida deve ser a compreensão do fenômeno. O Espiritismo esclarece que essas ocorrências não são castigos divinos, mas consequências da lei de causa e efeito, que convidam à reparação e ao aprendizado moral.


Encontraremos na reforma íntima a condição essencial para neutralizar a influência dos Espíritos em desequilíbrio. Essa renovação mental e comportamental deve fundamentar-se no amor e no respeito a Deus, ao próximo e a si mesmo, traduzindo-se em conduta digna e reta. Na prática, cabe a cada indivíduo substituir o orgulho pela humildade, o egoísmo pela caridade e a vingança pelo perdão, rompendo a sintonia que sustenta a influência negativa.

O aperfeiçoamento individual conduz, naturalmente, ao progresso moral coletivo. Quando cada membro de um grupo se transforma interiormente, por meio do cultivo do amor, da fé raciocinada, da prece e da caridade, as correntes mentais inferiores que mantêm a obsessão coletiva ativa se enfraquecem. Assim, o ambiente se eleva gradualmente, refletindo as novas vibrações mentais, mais equilibradas e harmônicas.





Texto extraído do livro Mediunidade com Kardec de Patrick Lima.

Capítulo 7: Obsessões

Pergunta 72: Obsessões coletivas: compreensão e orientação espírita.

Como citar: LIMA, Patrick. Mediunidade com Kardec. Poverello Edições, 2023. 1ª ed.





REFERÊNCIAS


FRANCO, Divaldo Pereira (psicografia). Mediunidade: Desafios e Bênçãos. Manoel Philomeno De Miranda (espírito). Editora LEAL, 2019.

KARDEC, Allan. Revista Espírita – Jornal de estudos psicológicos – 1862. Tradução de Evandro Noleto Bezerra. FEB Editora, 4ª edição, julho de 2019.

KARDEC, Allan. Revista Espírita – Jornal de estudos psicológicos – 1863. Tradução de Julio Abreu Filho. Edicel, 1ª edição, julho de 2002.

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