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05. A mediunidade foi criada pelo Espiritismo?

  • Foto do escritor: Patrick  Lima
    Patrick Lima
  • 15 de abr. de 2023
  • 4 min de leitura

Atualizado: 5 de out.

A oficialização do Espiritismo como doutrina sistematizada se deu em 18 de abril de 1857, com o lançamento da primeira edição de O Livro dos Espíritos. Essa obra marcou o início de um novo campo de estudo, fundamentado na observação dos fenômenos espirituais e na análise racional das leis que regem a relação entre o mundo material e o mundo espiritual.


Kardec com expressão séria, em um fundo monocromático.
A mediunidade foi criada pelo Espiritismo?

Dando continuidade à sua pesquisa, Kardec ampliou o seu olhar sobre os fenômenos mediúnicos, analisando-os sempre com seriedade e método científico. O resultado desse trabalho criterioso foi a publicação, em 1861, de O Livro dos Médiuns ou Guia dos Médiuns e dos Evocadores, a obra mais completa no que diz respeito à mediunidade.


A importância dessa obra é tamanha que muitos — equivocadamente — chegam a supor que a mediunidade teria surgido somente com o advento do Espiritismo.


Entretanto, no capítulo XXXI de O Livro dos Médiuns, Kardec afirma que o dom da mediunidade é tão antigo quanto o mundo. Os profetas eram médiuns. Os mistérios de Elêusis se fundavam na mediunidade. Os Caldeus, os Assírios tinham médiuns. Sócrates era dirigido por um Espírito que lhe inspirava os admiráveis princípios da sua filosofia; ele lhe ouvia a voz. Todos os povos tiveram seus médiuns e as inspirações de Joana d’Arc não eram mais do que vozes de Espíritos benfazejos que a dirigiam.


Complementando essa linha de raciocínio, o autor espiritual Manoel Philomeno de Miranda — em Mediunidade: Desafios e Bênçãos, pela psicografia de Divaldo Franco — reitera que, na raiz de quase todos os acontecimentos históricos encontramos a inspiração das mentes desencarnadas interferindo nos comportamentos humanos de maneira eficiente e vigorosa.



MEDIUNIDADE NA BÍBLIA


A história da humanidade apresenta inúmeros relatos de manifestações espirituais. Desde os tempos mais antigos, a presença dos Espíritos se revela em diferentes momentos da experiência humana, ainda que interpretada, em cada época, segundo a cultura e as crenças vigentes. A heroína silenciosa, Yvonne do Amaral Pereira, menciona — ao longo de suas obras — que o livro Atos dos Apóstolos pode ser considerado o primeiro tratado sobre mediunidade no qual temos registro. Nele, encontram-se diversas ocorrências mediúnicas vividas pelos seguidores de Jesus após o Pentecostes.


A Bíblia, de maneira geral, quando analisada sob a ótica espírita, revela uma rica variedade de ocorrências mediúnicas. Dentre elas, podemos mencionar:


  • A mão misteriosa que apareceu e escreveu durante o banquete do rei Baltazar (Daniel 5:5-31).

  • A consulta do rei Saul ao espírito do profeta Samuel, feita por meio da pitonisa de En-Dor (1 Samuel 28:7-19).

  • O anúncio do nascimento de Jesus, quando Maria recebeu a visita do anjo Gabriel (Lucas 1:26-38).

  • A transfiguração de Jesus diante dos apóstolos Pedro, Tiago e João — todos os doze apóstolos eram médiuns —, além da materialização de Moisés e Elias. (Mateus 17:1-8)

  • A libertação de Pedro da prisão, onde um anjo interveio para auxiliá-lo (Atos 12:7-11).

  • A conversão de Saulo (que se tornaria Paulo) no caminho de Damasco, após a aparição de Jesus. (Atos 9:1-19)

  • As visões proféticas do apóstolo João sobre o Apocalipse na ilha de Patmos (Apocalipse 1:1-20).


É justo apontarmos que, até mesmo nas biografias oficiais dos chamados santos, publicadas e reconhecidas pela própria Igreja Católica, há registros de fenômenos que, segundo a interpretação espírita, podem ser considerados manifestações mediúnicas. Destacam-se, em particular:


  • Santa Luzia (?–304)

    Apresentava mediunidade de vidência (relatava visões espirituais, como a de Santa Ágata), de cura (realizava curas com auxílio dos Espíritos) e de efeitos físicos (permaneceu ilesa ao fogo e, após ter os olhos arrancados, segundo relatos, surgiram novos olhos em seu rosto).


  • Santa Brígida (1303–1373)

    Manifestava mediunidade de vidência e audiência (via e ouvia Espíritos com frequência), psicofonia (transmitia mensagens espirituais com sua própria voz), psicografia (registrava comunicações por escrito) e xenoglossia (relatava mensagens em idiomas que não conhecia). Suas experiências foram reunidas na obra O Livro das Revelações. Declarava abertamente, mesmo diante das autoridades do clero da sua época, que era porta-voz dos Espíritos.


  • Santa Teresa D’Ávila (1515–1582)

    Exibia mediunidade de vidência e audiência (dizia ver os Espíritos com os olhos da alma, mesmo de olhos fechados). Relatava contatos espirituais com Frei Pedro de Alcântara, Santo Antônio de Pádua, São Francisco de Assis e Jesus Cristo.

Fatos semelhantes estão presentes, igualmente, nas histórias de vida de diversas personalidades religiosas, como Santo Antônio de Pádua (1195–1231), Santa Joana d’Arc (1412–1431), São Francisco de Assis (1181–1226), São Vicente de Paulo (1581–1660), Santa Clara (1194–1253), São Pedro de Alcântara (1499–1562), Santa Margarida Maria Alacoque (1647–1690), Santa Teresa de Ávila (1515–1582), Dom Bosco (1815–1888), Teresa Neumann (1898–1962) e Santa Teresinha do Menino Jesus (1873–1897).


O fenômeno mediúnico, portanto, não foi criado pelo Espiritismo. Nova é tão somente a forma como percebemos e conhecemos como essas faculdades se manifestam.





Texto extraído do livro Mediunidade com Kardec de Patrick Lima.

Capítulo 2: Mediunidade Sem Medo Pergunta 05: A mediunidade foi criada pelo Espiritismo? Como citar: LIMA, Patrick. Mediunidade com Kardec. Poverello Edições, 2023. 1ª ed.




REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Tradução de Guillon Ribeiro. FEB; 93ª edição. Rio de Janeiro, 2014.

KARDEC, Allan. O Livro dos Médiuns (cap. XXXI). Tradução de Salvador Gentile. 9ª edição. Editora Boa Nova, 2004.

FRANCO, Divaldo (psicografia). Mediunidade: Desafios e Bênçãos. Manoel Philomeno de Miranda (espírito). Editora LEAL, 2019.

BÍBLIA DE JERUSALÉM. 14ª impressão. Editora PAULUS, 2017.

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