Mediunidade com Kardec
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- 11. Quais são os principais tipos de médiuns e mediunidades conhecidas?
Em O Livro dos Médiuns , Allan Kardec (sob a supervisão e revisão dos Espíritos Sócrates e Erasto) dividiu os medianeiros em duas grandes categorias, sendo estes, os médiuns de efeitos físicos e os médiuns de efeitos inteligentes (ou intelectuais). Quais são os principais tipos de médiuns e mediunidades conhecidas? O codificador da doutrina espírita também esclarece que todas as outras variedades se ligam mais ou menos diretamente a uma ou a outra dessas duas categorias; algumas se ligam às duas. Com base em O Livro dos Médiuns , apresentamos – de forma resumida – a lista a seguir. MÉDIUNS DE EFEITOS FÍSICOS Os médiuns de efeitos físicos são aqueles que têm o poder de provocar efeitos materiais ou de manifestações ostensivas (vide quadro abaixo). Tais efeitos ou manifestações podem ocorrer de modo consciente ou inconsciente, isto é, com ou sem o conhecimento do médium. A mediunidade de efeitos físicos é, para o médium, bastante fatigante. Dentre as especificidades de médiuns e mediunidades de efeitos físicos, destacamos: MÉDIUNS TIPTÓLOGOS Aqueles pela influência dos quais se produzem os ruídos, os golpes e as pancadas. Tais fenômenos ocorrem com ou sem o conhecimento do médium. Muito comum. MÉDIUNS MOTORES Aqueles que produzem o movimento de objetos inertes, estáticos. Muito comum. MÉDIUNS DE TRANSLAÇÕES E SUSPENSÕES Aqueles que produzem a translação no espaço e a suspensão de corpos inertes no ar sem qualquer ponto de apoio (mais ou menos raros, segundo o desenvolvimento do fenômeno). Há também aqueles que podem elevar-se a si próprios (muito raro). MÉDIUNS DE APARIÇÕES (MATERIALIZAÇÃO) São aqueles que possuem a capacidade de provocar aparições fluídicas ou tangíveis, que podem ser vistas e até tocadas pelos assistentes. No entanto, essa habilidade é considerada muito rara. MÉDIUNS DE TRANSPORTE São aqueles que possuem a habilidade de auxiliar os Espíritos no transporte de objetos materiais. Essa habilidade se manifesta através do transporte espontâneo de objetos que não existem no local onde o médium se encontra; geralmente, são flores, por vezes frutas, doces, joias e outros itens. Variedade dos médiuns motores e de translação. Excepcionais. MÉDIUNS DE EFEITOS INTELECTUAIS Os médiuns de efeitos intelectuais são aqueles que estão mais aptos a receber e a transmitir comunicações inteligentes. Dentre as especificidades de médiuns e mediunidades de efeitos inteligentes, destacamos: MÉDIUNS AUDIENTES, AUDITIVOS OU OUVINTES São aqueles que ouvem os Espíritos. É um tipo de mediunidade muito comum. Em sua manifestação, essa audição pode ser percebida de duas maneiras distintas. Em algumas ocasiões, trata-se de uma voz íntima falando dentro da mente (voz interna); em outras, é uma voz externa, nítida e distinta, como se fosse a de uma pessoa viva (voz exterior). É preciso prudência para distinguir o que é imaginação e o que é audiência espiritual. MÉDIUNS FALANTES (PSICOFÔNICOS) São aqueles que falam sob a influência dos Espíritos. É um tipo de mediunidade muito frequente. Popularmente conhecida como incorporação. MÉDIUNS VIDENTES São aqueles que veem Espíritos em estado de vigília, perfeitamente acordados. Há também quem só os enxerga em estado sonambúlico ou próximo do sonambulismo (êxtase ou transe mediúnico). É preciso distinguir as aparições acidentais e espontâneas da faculdade propriamente dita de ver os Espíritos. Ver um Espírito por acidente em uma circunstância particular é algo comum. Já a capacidade de vê-los sempre, de modo constante, é bastante rara. Vale destacar que o médium vidente enxerga os Espíritos tanto com os olhos abertos como fechados, pois este os enxerga com a alma e não com os olhos físicos. MÉDIUNS INSPIRADOS São aqueles que recebem pensamentos sugeridos pelos Espíritos, muitas vezes à revelia, seja para atos comuns da vida, seja para grandes trabalhos da inteligência. MÉDIUNS DE PRESSENTIMENTOS O pressentimento é uma intuição vaga das coisas futuras. Portanto, os médiuns de pressentimentos são aqueles que, em certas circunstâncias, têm uma vaga intuição de coisas vulgares que irão ocorrer no futuro. Certas pessoas têm essa faculdade mais ou menos desenvolvida. Variação dos médiuns inspirados. MÉDIUNS PROFÉTICOS Os médiuns proféticos são uma variação dos médiuns inspirados e de pressentimentos, que recebem, se assim permitido por Deus, revelações mais precisas do que os médiuns de pressentimentos sobre coisas futuras de interesse geral. Como portadores de tais revelações, é responsabilidade deles comunicá-las aos seres humanos para que possam ser instruídos. Importante dizer que se há verdadeiros profetas, há também os falsos (mistificadores, zombeteiros, dentre outros da mesma estirpe), que tomam os sonhos de sua imaginação por revelações. MÉDIUNS PINTORES OU DESENHISTAS São aqueles que pintam ou desenham sob a influência dos Espíritos. Falamos daqueles que obtêm coisas sérias, porque não poderíamos dar esse nome a certos médiuns aos quais os Espíritos zombeteiros fazem produzir coisas grotescas que desabonariam o último dos estudantes. MÉDIUNS ESCREVENTES OU PSICÓGRAFOS São aqueles que têm a faculdade de escrever eles mesmos sob a influência dos Espíritos. MÉDIUM AUDIENTE x MÉDIUM PSICOFÔNICO Kardec também nos instrui para que não confundamos o médium audiente com o médium psicofônico. O médium audiente pode repetir palavra por palavra aquilo que esteja ouvindo e sendo ditado (e de modo deliberado, filtrar ou censurar conscientemente os impropérios que possam estar sendo proferidos, sem que isso venha a descaracterizar a mensagem original); já o médium de psicofonia, cede o seu corpo para que o próprio Espírito fale por seu intermédio (aqui também pode ocorrer a censura das palavras, porém, essa filtragem é feita através de um bloqueio psicológico relacionado diretamente ao comportamento moral do médium). Qualquer que seja o mecanismo utilizado, tanto o médium audiente como o psicofônico possuem recursos para filtrar a comunicação que ocorre por seu intermédio. SENSITIVOS, FACULTATIVOS E NATURAIS Temos ainda uma variedade de médiuns que são comuns a todos os gêneros de mediunidade , conforme nos explica Kardec na supramencionada obra, sendo estes: MÉDIUNS SENSITIVOS Os indivíduos que são capazes de sentir a presença de espíritos por meio de uma vaga impressão ou um toque na pele ou nos membros são conhecidos como médiuns sensitivos. A natureza exata dessas sensações é desconhecida para eles. Essa habilidade se desenvolve com a prática e pode se tornar tão sutil que aqueles que a possuem conseguem não apenas discernir se o espírito é bom ou mau quando este se aproxima, mas também reconhecer sua identidade, assim como uma pessoa com deficiência visual pode reconhecer a aproximação de alguém sem o ver. Os médiuns delicados e muito sensitivos devem se abster de comunicações com Espíritos violentos, ou cuja impressão é penosa, por causa da fadiga que daí resulta. MÉDIUNS FACULTATIVOS OU VOLUNTÁRIOS Os médiuns facultativos são aqueles que têm consciência de seu poder e que produzem fenômenos espíritas por ato de sua vontade (tem consciência do fenômeno que está sendo produzido). Seja qual for essa vontade, os médiuns nada podem fazer se os Espíritos a isso se recusam, o que prova a intervenção de um poder estranho. MÉDIUNS NATURAIS OU INCONSCIENTES São aqueles que produzem os fenômenos espontaneamente, sem nenhuma participação de sua vontade e na maior parte das vezes à sua revelia (não tem consciência dos fenômenos que se manifestam). Existem outros tipos de médiuns e mediunidades que não apresentamos ou não nos aprofundamos nesta questão. Para maior amplitude e estudo desses tópicos, recomendamos a leitura de O Livro dos Médiuns , especificamente os capítulos que vão do 10 ao 17. Texto extraído do livro Mediunidade com Kardec de Patrick Lima . Capítulo 2: Mediunidade Sem Medo Pergunta 11: Quais são os principais tipos de médiuns e mediunidades conhecidas? Como citar: LIMA, Patrick. Mediunidade com Kardec. Poverello Edições, 2023. 1ª ed. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS KARDEC , Allan. O Livro dos Médiuns. Tradução de Salvador Gentile. 9ª edição. Editora Boa Nova, 2004.
- 12. Quais são as variações e categorias da psicografia e o que ela significa?
O vocábulo psicografia – conforme destaca Kardec em Instruções Práticas Sobre as Manifestações Espíritas – tem sua origem na língua grega, sendo formado pela união dos vocábulos psykhê , que remete a alma ou borboleta , e graphô , que significa eu escrevo . Quais são as variações e categorias da psicografia e o que ela significa? Em linhas gerais, a psicografia é a transmissão do pensamento do Espírito por meio da escrita manual do médium. TIPOS DE PSICOGRAFIA Em O Livro dos Médiuns , Kardec ressalta que a psicografia é uma medianimidade pertencente à categoria dos efeitos inteligentes, possuindo algumas especificidades, tais como: PSICOGRAFIA MECÂNICA Nesta variação, a mão do médium recebe um impulso involuntário e este não têm nenhuma consciência do que escreve. Especificidade muito rara de se encontrar. PSICOGRAFIA SEMIMECÂNICA Nesta especificidade, a mão do médium também trabalha involuntariamente, mas este tem consciência instantânea das palavras e das frases à medida que escreve. Esses são os mais comuns. PSICOGRAFIA INTUITIVA É aquela a quem os Espíritos se comunicam pelo pensamento e cuja mão é guiada pela vontade do próprio médium. Diferem dos médiuns inspirados, no que estes não têm necessidade de escrever, enquanto que o médium intuitivo escreve o pensamento que lhe é sugerido instantaneamente sobre um assunto determinado e provocado. São muito comuns, mas também sujeitos a erros, porque não podem discernir o que vem dos Espíritos e o que vem de sua própria cabeça. PSICOGRAFIA POR MEIO DE UM MÉDIUM POLÍGRAFO Nesta especificidade, a escrita muda de acordo com o Espírito que se comunica (muito comum), ou reproduz a escrita que o Espírito tinha em vida (mais raro). PSICOGRAFIA POR MEIO DE MÉDIUM POLIGLOTA Também conhecida como xenoglassia, essa medianimidade tanto se aplica na psicofonia como na psicografia. Nesta especificidade o médium possui a faculdade de falar ou escrever em idiomas que lhes são estranhos. Muito rara. PSICOGRAFIA POR MEIO DE UM MÉDIUM ILETRADO Essa modalidade é marcada pela capacidade de escrita durante o transe, em que o médium se torna capaz de escrever, apesar de não possuir essa habilidade em seu estado de vigília. PSICOGRAFIA POR HERMÍNIO C. MIRANDA Em Diversidade dos Carismas, o autor Hermínio C. Miranda, ao tratar da temática envolvendo a psicografia, destaca: “A psicografia é a faculdade através da qual espíritos encarnados e desencarnados se manifestam por escrito . Deve ser considerada como fenômeno mediúnico quando o manifestante é um espírito desencarnado. É uma faculdade anímica quando se manifesta o próprio espírito do sensitivo encarnado que, em tais casos, pode perfeitamente revelar um conhecimento acima do seu nível habitual, como ser encarnado. Uma terceira categoria de manifestação psicográfica, como vimos, é aquela na qual se manifestam espíritos encarnados através de sensitivos também encarnados.” Sendo assim, Hermínio de Miranda assegura que existem três tipos de categorias na qual a psicografia pode se manifestar: Psicografia Mediúnica : Quando a escrita ocorre ao influxo de um Espírito desencarnado. Psicografia Anímica : Também conhecida como escrita automática . Nessa modalidade é a própria alma do médium – em desdobramento – que se comunica. Em outros termos, é a alma do médium que se comunica por ele mesmo, sem que este tenha consciência deliberada sobre o ocorrido. Psicografia de encarnado para encarnado : Quando um encarnado, em estado de desdobramento, comunica-se através de um médium, também encarnado. Kardec já havia levantado essa hipótese, observando que alguns Espíritos que se comunicavam com ele, seja por meio da psicografia ou psicofonia, possivelmente estariam encarnados. Essa hipótese foi confirmada a posteriori pelos Espíritos benfeitores que lhe auxiliavam. Nessa modalidade de psicografia (entre encarnados), o autor Hermínio de Miranda, na obra acima mencionada, adverte: “É preciso observar, ainda, que nem sempre a comunicação psicográfica de características mediúnicas provém de um espírito desencarnado. Já Kardec nos alertava para esse aspecto, ao informar que o espírito encarnado também pode comunicar-se através de um médium, como se desencarnado estivesse, pois não deixa de ser espírito somente porque está preso a um corpo material. ” O ESPÍRITO TOMA A MÃO DO MÉDIUM PARA ESCREVER? Os mecanismos que envolvem as comunicações mediúnicas voltadas para a psicofonia e a psicografia, por exemplo, são bem mais complexos do que os apresentados pelo imaginário popular. Em partes, conforme nos elucidam os instrutores espirituais por meio da vasta literatura espiritista, há sim algum sentido quando alguém diz que na psicografia o Espírito opera diretamente sobre a mão do médium; já na psicofonia, a entidade passa a atuar sobre o aparelho fonador. Porém, esses mecanismos são bem mais profundos. A este respeito, Hermínio de Miranda, na obra acima exposta, destaca: “Não é a entidade comunicante que toma literalmente a mão do médium, como alguém que ajuda uma criança a escrever guiando sua mãozinha sobre o papel. A entidade atua com o seu pensamento através dos canais condutores que levam o impulso da sua vontade ao cérebro do médium, a fim de ativar o centro próprio que comanda os movimentos do braço e da mão.” Quanto à psicofonia, o mecanismo é o mesmo, ocorrendo de maneira idêntica, conforme nos elucida Hermínio de Miranda. Concluindo seu pensamento, ainda na supracitada obra, arremata com sapiência o referido autor: “O certo, porém, é que o espírito comunicante não vai diretamente aos órgãos que 'materializam' a comunicação, mas aos centros que comandam esses órgãos; mesmo assim, não vai a esses centros diretamente, mas sempre por intermédio dos canais condutores.” ESCRITA AUTOMÁTICA x ESCRITA DIRETA Não podemos confundir a escrita automática (psicografia anímica) com a escrita direta (pneumatografia) . A pneumatografia é pertencente aos efeitos físicos, já a psicografia pertence a categoria dos efeitos inteligentes. Na escrita direta (pneumatografia), não há interferência ou colaboração por parte de médiuns encarnados. São os próprios Espíritos que produzem a matéria e os instrumentos de que precisam, fazendo imprimir em uma folha, parede ou qualquer superfície, uma mensagem, seja via texto ou imagem. Em O Livro dos Médiuns (cap. VIII, item 127), a respeito da pneumatografia, escreve Kardec: "A escrita direta, ou pneumatografia, é a que se produz espontaneamente, sem a ajuda, nem da mão do médium, nem do lápis. Basta tomar-se de uma folha de papel branco — o que se pode fazer com todas as precauções necessárias, para se ter a certeza da ausência de qualquer fraude —, dobrá-la e depositá-la em qualquer parte, numa gaveta ou simplesmente sobre um móvel. Feito isso, se a pessoa estiver nas devidas condições, ao fim de mais ou menos longo tempo se encontrarão traçados no papel, letras, sinais diversos, palavras, frases e até dissertações, as mais das vezes com uma substância acinzentada, igual a grafite, doutras vezes com lápis vermelho, tinta comum e até tinta de imprimir." Ainda na referida obra (capítulo XII, item 148), Kardec volta a escrever sobre a pneumatografia: "Para escrever dessa maneira, o Espírito não se serve das nossas substâncias, nem dos nossos instrumentos. Ele próprio fabrica a matéria e os instrumentos de que precisa, tirando os materiais necessários para isso do elemento primitivo universal que, pela ação da sua vontade, sofre as modificações necessárias à produção do efeito desejado. Portanto, é possível para ele fabricar tanto o lápis vermelho, a tinta de imprimir, a tinta comum, como o lápis preto, ou até caracteres tipográficos bastante resistentes para darem relevo à escrita, conforme temos tido ensejo de verificar." Geralmente as mensagens obtidas por meio da pneumatografia são bastante curtas, algumas palavras chegam a ser inteligíveis. Segundo nos informa Allan Kardec (no cap. XII, item 148 de O Livro dos Médiuns ), a principal utilidade da escrita direta (pneumatografia) é “a comprovação material de um fato sério: a intervenção de um poder oculto que, nesse fenômeno, tem mais um meio de se manifestar." Texto extraído do livro Mediunidade com Kardec de Patrick Lima . Capítulo 2: Mediunidade Sem Medo Pergunta 12: Quais são as variações e categorias da psicografia e o que ela significa? Como citar: LIMA, Patrick. Mediunidade com Kardec. Poverello Edições, 2023. 1ª ed. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS KARDEC , Allan. Instruções Práticas Sobre as Manifestações Espíritas. Pensamento, 1995. KARDEC , Allan. O Livro dos Médiuns. Tradução de Salvador Gentile. 9ª edição. Editora Boa Nova, 2004. MIRANDA , Hermínio C. Diversidade dos Carismas. LACHATRE, novembro de 2019, 9ª edição.
- 10. Quais os sintomas físicos que podem estar associados ao afloramento mediúnico?
Em O Livro dos Médiuns (Cap. XVI), Kardec afirma que quando o princípio ou germe de uma faculdade existe, ela se manifesta sempre por sinais inequívocos. “Quando o princípio ou germe de uma faculdade existe, ela se manifesta sempre por sinais inequívocos.” (O Livro dos Médiuns – Cap. XVI) Como visto anteriormente, a eclosão da mediunidade provacional nos acarreta, comumente, problemas de ordens física e emocional, além de perturbações espirituais ( vide questão 09 ). A mediunidade de prova é aquela que surge com o intuito de direcionar o médium a resgates aflitivos de condutas decadentes ou maléficas praticadas em outras encarnações, com base na lei de ação e reação, de causa e efeito. Um dos objetivos da mediunidade é proporcionar ao medianeiro a oportunidade de trabalhar em prol dos mais necessitados, sejam eles encarnados ou desencarnados, amenizando seus próprios débitos diante da balança divina, além de colocar em prática os compromissos assumidos de acordo com seu planejamento reencarnatório. Em outras palavras, a mediunidade não é aleatória, é o próprio Espírito que vai reencarnar e pede – repetidamente – para vir com esse dom aflorado, pois bem sabe que a mediunidade é uma extensão da misericórdia divina que lhe permite resgatar seus débitos anteriores através do trabalho santificante e gratuito na seara do Cristo. SINAIS FÍSICOS DA MEDIUNIDADE No capítulo 19 de sua obra Momentos de Consciência , Joanna de Ângelis (por Divaldo Franco) destaca que os primeiros sinais da eclosão da mediunidade podem se manifestar como "sensações estranhas de presenças psíquicas ou físicas algo perturbador, gerando medo ou ansiedade, inquietação ou incerteza. Em alguns momentos, turba-se a lucidez, para, noutros, abrirem-se brechas luminosas na mente, apercebendo-se de um outro tipo mais sutil de realidade.” O autor espírita Martins Peralva, em Mediunidade e Evolução , explica que os sintomas da mediunidade são imensuráveis, sendo os mais frequentes: reações emocionais incomuns (fora do habitual), sensação aparente de enfermidade (sem razão orgânica), calafrios, mal-estar e irritações estranhas. Peralva nos diz ainda que em certos casos, a mediunidade pode surgir sem qualquer sintoma, aparecendo espontaneamente. Em Plantão de Respostas - Pinga Fogo II , Chico Xavier e Emmanuel, quando questionados acerca dos sinais físicos e psicológicos oriundos do surgimento da mediunidade, explicaram que os sintomas podem ser variados, de acordo com o tipo de mediunidade. Irritabilidade, sonolência sem motivo, dores sem diagnóstico definido, mau humor e choro inexplicável podem indicar necessidade de esclarecimento e estudo. É NECESSÁRIO ENTENDER, CONHECER, ESTUDAR... A faculdade medianímica não é uma disfunção do organismo. As complicações existentes em sua manifestação inicial são decorrentes da falta de conhecimento em relação à mediunidade, mas logo que o medianeiro passa a fazer uso da terapêutica correta, recebendo a assistência devida, tanto na casa espírita (estudo, passes, tratamento espiritual) quanto fazendo a sua parte (reforma íntima, prática do bem e caridade), seu equilíbrio emocional e fisiológico é resgatado e sua saúde restabelecida. Texto extraído do livro Mediunidade com Kardec de Patrick Lima . Capítulo 2: Mediunidade Sem Medo Pergunta 10: Quais os sintomas físicos que podem estar associados ao afloramento mediúnico? Como citar: LIMA, Patrick. Mediunidade com Kardec. Poverello Edições, 2023. 1ª ed. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS KARDEC , Allan. O Livro dos Médiuns. Tradução de Salvador Gentile. 9ª edição. Editora Boa Nova, 2004. FRANCO , Divaldo Pereira (psicografia). Momentos de Consciência. ÂNGELIS, Joanna de (espírito). LEAL, 2008. PERALVA , Martins. Mediunidade e Evolução. FEB, 2009. XAVIER , Francisco Cândido. Plantão de Respostas - Pinga Fogo II. Ceu, 2015.
- 09. Como surge a mediunidade?
Entendemos a mediunidade como uma faculdade espiritual e, simultaneamente, como uma predisposição orgânica, isto é, a mediunidade é um dom natural inerente ao homem e tem sua matriz localizada no perispírito. Como ela é natural, seu tempo de afloramento e despertar também são naturais e isso ocorre de modo distinto entre os médiuns, de acordo com o planejamento reencarnatório de cada indivíduo. Como surge a mediunidade? A mediunidade é uma faculdade que vai se aprimorando de acordo com as sucessivas reencarnações do indivíduo. Dado o instante em que ela se tornará mais ostensiva para o exercício no plano terrestre, os técnicos e instrutores espirituais que se encarregam da respectiva reencarnação, projetam um corpo físico compatível com o tipo de medianimidade que cada médium irá desempenhar. Chegado o momento em que a faculdade mediúnica começa a demonstrar sinais mais perceptíveis, temos aí o que muitos chamam de eclosão da mediunidade . Conforme descrito no módulo II, tema 1 do livro Mediunidade: Estudo e Prática da Federação Espírita Brasileira (FEB) , a eclosão da mediunidade é o início ou aparecimento de fenômenos resultantes da capacidade de uma pessoa (médium) entrar em contato com seres de outra dimensão, os chamados “mortos”, que, em linguagem espírita, são os desencarnados, seres humanos que estão fora da carne, isto é, não têm o corpo físico. ECLOSÃO DA MEDIUNIDADE A mediunidade pode se manifestar de duas formas diferentes: 1) A primeira ocorre de forma espontânea; por surgir de forma natural e gradativa, a mediunidade espontânea não acarreta grandes desconfortos para o médium principiante, sejam eles físicos ou emocionais. 2) A segunda acontece sob o prisma provacional. Eclodindo muitas vezes de modo abrupto e inesperado, o médium em fase inicial sente o revés que atinge seu corpo físico, podendo acontecer perturbações espirituais e desordem emocional. Devido ao estado evolutivo que ainda nos encontramos, a eclosão provacional (marcada por sofrimentos, perturbações emocionais e fisiopsiquicas) é a mais comum de ocorrer. Segundo Manoel Philomeno de Miranda ( Mediunidade: Desafios e Bênçãos , por Divaldo Franco), a mediunidade, frequentemente, surge de forma violenta, sendo necessária a educação dessa faculdade por meio da disciplina. Ela também pode eclodir de forma leve e suave, expandindo-se gradativamente à medida que o indivíduo desenvolve capacidades psíquicas compatíveis com o exercício medianímico. CULPA DA MEDIUNIDADE? De fato, algumas mediunidades ao eclodirem trazem consigo certos desconfortos ou inconvenientes. Esses tormentos que se tornam mais perceptíveis com o aflorar mediúnico não têm sua causa na mediunidade em si, mas no comportamento moral da pessoa que dela seja portadora. Isso ocorre porque, em muitos casos, a eclosão da mediunidade tem um caráter provacional e o médium ainda não possui valores morais acentuados. Não raramente, o médium em fase inicial sequer possui o hábito da prece (a prece sincera, humilde e de coração; não a mecânica, dos lábios pra fora). Além do mais, como bem destaca Hermínio de Miranda, em Diversidade dos Carismas , “a fenomenologia que ocorre nessa primeira fase quase nunca é disciplinada e de elevado teor espiritual. A mediunidade raramente começa com a manifestação suave de entidades de elevada condição evolutiva.” Aos primeiros rudimentos do surgimento da mediunidade, é sempre comum que os Espíritos – nessa fase inicial – que costumam se apresentar, sejam de baixa elevação, isto é, entidades sofredoras, perspicazes ou violentas que se afinizam e sintonizam com a vibração do médium em desabrochar. Elevando – o médium – o seu padrão mental, moral e evolutivo, ocorrerá, como por encanto, a seleção natural dos tipos de Espíritos que ele passará a sintonizar em seu dia a dia. Isso não significa que o médium irá deixar de estabelecer algum tipo de intercâmbio com Espíritos dessa estirpe (nossos irmãos sofredores e ainda sem esclarecimento), pois um dos principais objetivos da mediunidade é o amparo a essas entidades. Porém, esse auxílio passa a ocorrer nas reuniões de desobsessão na casa espírita e/ou durante o sono via desdobramento, não mais às claras, durante o dia ou em qualquer lugar, diminuindo também o mal-estar e outras perturbações e alterações psíquicas. PROCURANDO A CASA ESPÍRITA Percebendo os primeiros sinais de manifestações extrafísicas, muitos são os que procuram as casas espíritas em busca de auxílio e instrução. Importante dizer que nem todos os que buscam os centros espiritistas informando variadas situações em sua rotina diária – associando a causas espirituais – são de fato médiuns, obsedados ou enfermos espirituais. Portanto, não seria lógico, sensato ou prudente encaminhar todas essas pessoas as salas de estudo mediúnico assim que se apresentem as respectivas unidades espiritistas. É preciso examinar caso a caso. Verificando onde realmente ocorrem interferências espirituais, se é verdadeiramente uma eclosão da mediunidade, e até mesmo, se tais relatos não são oriundos de algum distúrbio psíquico ou fantasioso. Aos portadores de algum tipo de mediunismo, bem como os demais companheiros tidos como não médiuns, assim como os obsedados e enfermos orgânicos, o mais indicado – a princípio – é a reestruturação mental do sujeito, ajudando-o através dos passes, palestras, do evangelho no lar, da água fluidificada e do esclarecimento, para somente depois facultar o seu ingresso nas salas de estudos espíritas e mediúnicos (se realmente for essa a sua vontade). FENÔMENO OCASIONAL Em Diversidade dos Carismas , o autor Hermínio C. Miranda, nos adverte ao dizer que “um ou outro fenômeno espontâneo e ocasional não precisa ser tomado como indício de mediunidade a ser desenvolvida e praticada, dado que todos nós, seres encarnados, temos certo grau de sensibilidade e estaremos sujeitos a episódios mediúnicos esparsos.” Dando continuidade ao seu pensamento, na obra acima exposta, conclui Hermínio de Miranda: “Quando, porém, começam a ocorrer com certa frequência necessitam de atenção, cuidados e esclarecimentos que dificilmente o iniciante tem condições de prover por si mesmo. O mais comum é que comece a rejeitar os fenômenos, seja porque tenha assumido uma atitude preconcebida quanto a eles - ceticismo, convicções materialistas ou ortodoxo-religiosas -, seja porque teme as manifestações ou as considere como sintomas de perturbação mental. São muitos, portanto, os obstáculos iniciais que a mediunidade encontra logo nas suas primeiras manifestações.” Em suma, não é porque o sujeito alega ter visto uma única vez o Espírito do falecido avô que ele venha ser, de fato, médium ostensivo. Se, porém, esses fenômenos passarem a ser mais comuns e rotineiros, aí sim será preciso um olhar mais atento sobre essa situação, buscando verificar o que realmente está ocorrendo, iniciando a terapêutica correta para cada quadro. E para isso, a casa espírita será sempre uma boa aliada para esse e outros tipos de ajuda. Texto extraído do livro Mediunidade com Kardec de Patrick Lima . Capítulo 2: Mediunidade Sem Medo Pergunta 09: Como surge a mediunidade? Como citar: LIMA, Patrick. Mediunidade com Kardec. Poverello Edições, 2023. 1ª ed. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS MOURA , Marta Antunes de Oliveira (org.). Mediunidade: estudo e prática. Programa 1. 2. ed. 1. imp. Brasília: FEB, 2014. FRANCO , Divaldo (psicografia). Mediunidade: Desafios e Bênçãos. Manoel Philomeno De Miranda (espírito). Editora LEAL, 2019. MIRANDA , Hermínio C. Diversidade dos Carismas. LACHATRE, novembro de 2019, 9ª edição.
- 08. A mediunidade é de natureza orgânica ou espiritual?
O codificador da doutrina espírita – Allan Kardec – elucida que a mediunidade é inerente ao ser humano, a depender de uma predisposição orgânica, onde cada pessoa a manifesta em maior ou menor grau, sendo raro aquele que dela não apresente nenhum rudimento. A mediunidade é de natureza orgânica ou espiritual? Sendo assim, Kardec passou a denominar como médiuns – como forma de organização e clareza dos seus estudos e pesquisas – somente aqueles que a manifestam em um nível razoável de ostensividade, ou seja, os indivíduos que de forma acentuada apresentam habilidade de comunicação entre os planos físico e espiritual. FACULDADE DA ALMA Em Mediunidade: Desafios e Bênçãos, o Espírito Manoel Philomeno de Miranda – pela psicografia de Divaldo Franco – nos ensina que a mediunidade é uma faculdade da alma , que se reveste de células no corpo, a fim de permitir a decodificação da onda do pensamento procedente de outra dimensão, para torná-la de entendimento objetivo. Na obra Médiuns e Mediunidades , o Espírito Vianna de Carvalho (por Divaldo Franco) ressalta que a mediunidade, por proceder do Espírito , exige cuidados especiais e competente educação . PERISPÍRITO - SEDE DA MEDIUNIDADE Já a médium Yvonne do Amaral Pereira em seu livro Recordações da Mediunidade, orientada pelo respeitável Espírito Dr. Adolfo Bezerra de Menezes, nos diz: “Existem mediunidades que do berço se revelam no seu portador, e estas são as mais seguras, porque as mais positivas, frutos de longas etapas reencarnatórias, durante as quais os seus possuidores exerceram atividades marcantes, assim desenvolvendo forças do perispírito, sede da mediunidade, vibrando intensamente num e noutro setor da existência e assim adquirindo vibratilidades acomodatícias do fenômeno.” ORIGEM ESPIRITUAL Hermínio C. Miranda – em Diversidade dos Carismas – ratifica esse pensamento ao afirmar: “A tendência natural de quem observa a mediunidade em exercício é a de considerar o médium como um corpo físico, quando, na realidade, médium, de fato e de direito, é o perispírito , que funciona sempre como agente de ligação entre corpo e a unidade de comando, situada na individualidade.” Sendo assim, podemos considerar que a mediunidade é de origem espiritual, localizada em nosso perispírito. Quando o Espírito está encarnado, a mediunidade reflete em seu corpo físico através de uma predisposição orgânica que influencia no maior ou menor grau de sua ostensividade. Essa condição orgânica acima mencionada vem sendo estudada por grandes teóricos e pesquisadores, sendo René Descartes um dos seus pioneiros. GLÂNDULA PINEAL | EPÍFESE Em meados do século XVII, o autor da célebre frase “Penso, logo existo”, o filósofo, físico e matemático francês René Descartes, tecia em sua obra-prima Meditações Metafísicas , alguns comentários a respeito da glândula pineal (também chamada de epífise) , apresentando-a como a "sede da alma no corpo" e o órgão capaz de captar e traduzir impressões espirituais para o nosso cérebro. Mesmo sendo considerado o fundador da filosofia moderna e um dos pensadores mais importantes e influentes da história do pensamento ocidental, Descartes teve suas sentenças a respeito da glândula pineal relegadas ao misticismo e ocultismo, sendo-as descreditadas pelos seus contemporâneos. O QUE DIZ KARDEC? A respeito do tema, Allan Kardec não se refere diretamente à glândula pineal, contudo, informa em O Livro dos Espíritos que o processo mediúnico é orgânico , respeitando de modo imprescindível à estrutura física do médium. Essa condição orgânica exige a indispensabilidade de um órgão que conceba os recursos materiais para o processo mediúnico, sendo este órgão conhecido atualmente como glândula pineal, epífise neural ou terceiro olho. EPÍFISE (PINEAL) POR ANDRÉ LUIZ Em Missionários da Luz , pela psicografia de Francisco Cândido Xavier, o instrutor Alexandre em conversação com o autor espiritual André Luiz, resumidamente destaca que a epífise/pineal governa o campo da sexualidade, assegura o intercâmbio com o mundo espiritual através da mediunidade, converte energia mental em estímulo nervoso, é a responsável por ligar o corpo físico ao Espírito, além de comandar os fenômenos relacionados à emotividade. IMPORTÂNCIA DA GLÂNDULA PINEAL (EPÍFISE) É inegável a importância da glândula pineal (epífise) nos processos acima citados, além da importância do corpo físico em todos esses trâmites. Com o advento do Espiritismo e os inúmeros livros psicografados – ou de autoria própria – que nos chegam continuamente, a exemplo das obras sérias, idôneas e confiáveis que estamos expondo no decorrer deste trabalho, temos hoje acesso a diversos acontecimentos no mundo espiritual que nos fazem investigar e repensar que a mediunidade não é restrita somente ao corpo físico (como muitos acreditam), mas relativa ao próprio Espírito. NATUREZA ESPIRITUAL E ORGÂNICA O benfeitor Miramez por meio da obra Segurança Mediúnica – psicografia de João Nunes Maia – esclarece que a mediunidade não depende de qualidades humanas para existir na sua função natural. Sendo assim, o portador desta faculdade a manifesta tanto no plano físico – quando encarnado – como no plano espiritual – em perispírito, seja através do desdobramento nas noites de sono fisiológico ou após o desencarne. Acerca deste assunto, trazemos à tona as contribuições de Hermínio Corrêa de Miranda, um dos mais proeminentes pesquisadores e escritores espíritas do Brasil, que em seu livro Diálogo com as Sombras aborda como as atividades dos trabalhadores mediúnicos não se restringem as sessões mediúnicas ou somente ao plano físico/terrestre: “Durante a noite, enquanto adormecemos no corpo físico, nossos Espíritos, desprendidos, parcialmente libertos, juntam-se aos benfeitores para o preparo das futuras tarefas mediúnicas. Descemos, com eles, às profundezas da dor e, muitas vezes, realizamos, com eles, autênticas sessões em pleno Espaço, para o tratamento preliminar de companheiros já selecionados para a experiência mediúnica, ou irmãos que, já atendidos por nós, necessitam, mais do que nunca, de assistência e amparo, para as readaptações e o aprendizado que os levará à reconstrução de suas vidas, desde o descondicionamento a dolorosas e lamentáveis concepções até o preparo de uma nova encarnação.” Hermínio C. Miranda volta a ratificar esse pensamento, dessa vez em Diversidade dos Carismas , ao escrever: “Com frequência observamos que o trabalho continua pela noite adentro. Em nossos desdobramentos durante a semana somos levados a visitar pessoas encarnadas ou desencarnadas, em locais diversos, muitas vezes nos próprios núcleos ou instituições onde militam os companheiros que se acham em tratamento no grupo mediúnico. Algumas vezes é trabalho complementar, outras, é tarefa preliminar ou de observações. Somos, também, levados a reuniões de estudo e debate, assistimos a palestras, recebemos instruções, tomamos conhecimento de planos e estratégias de trabalho a desenvolver, sempre sob a supervisão de nossos orientadores espirituais.” Segundo os informes do referido autor (Hermínio C. Miranda), os trabalhos mediúnicos (amparo aos sofredores, choque anímico, etc) continuam durante a noite, no período em que o médium está dormindo e seu corpo desprendido parcialmente através do sono. Deste modo, a mediunidade não é algo limitado ao corpo físico, mas um processo de constante evolução, permitindo ao Espírito encontrar e alcançar as ferramentas necessárias ao seu progresso e adiantamento, esteja ele encarnado ou não. O benfeitor Manoel Philomeno de Miranda, em Mediunidade: Desafios e Bênçãos (pela psicografia de Divaldo Franco), confirma estas informações ao escrever: “Os membros que os constituem estarão sempre atentos aos compromissos assumidos, de forma que possam cooperar com os mentores em qualquer momento que se faça necessário, mesmo fora do dia e horário estabelecidos.” MÉDIUNS DESENCARNADOS Já o autor espiritual André Luiz registra no livro Libertação (através da mediunidade de Chico Xavier), capítulo 3 com o título Entendimento , um episódio no qual vinte médiuns realizam um trabalho de materialização no plano espiritual. Na mesma obra, capítulo 18, ocorre semelhante processo para uma segunda materialização da benfeitora Matilde. Em Missionários da Luz (André Luiz/Chico Xavier), capítulo 17 de título Doutrinação , em um dos trabalhos envolvendo o mentor Alexandre e o autor André Luiz, visando ajudar o ex-sacerdote de nome Marinho, surge à figura de Necésio, que servirá como intérprete entre Alexandre e o ex-padre. Em todos os trechos aqui narrados, temos como base Espíritos desencarnados exercendo funções mediúnicas no plano espiritual. Como experiência pessoal, o médium e orador espírita Divaldo Pereira Franco conta-nos que, durante uma visita à cidade de Padova (Itália), em meio a uma pequena comitiva, ao visitar a Basílica de Santo Antônio de Pádua, percebeu a presença de sua guia espiritual Joanna de Ângelis, que lhe informou que Antônio, o Santo de Pádua, desejava transmitir uma mensagem à Terra. A mentora explicou que, devido ao alto nível psíquico de Antônio de Pádua, Divaldo não seria capaz de captar a mensagem diretamente, e que ela (Joanna de Ângelis) intermediaria a comunicação, atuando como médium, isto é, captando o pensamento de Antônio de Pádua e retransmitindo de modo compreensível a Divaldo. Essa mensagem, assinada por Antônio de Pádua, pode ser encontrada na obra Sob a Proteção de Deus , publicada pela Editora LEAL. O episódio narrado por Divaldo Franco não é isolado e ocorre com bastante frequência, sendo examinado e abordado por diversos autores em suas obras e pesquisas. Dentre esses autores destacamos Hermínio de Miranda e seu livro Diversidade dos Carismas (já bastante citado por aqui), que ao observar situações semelhantes à de Divaldo disserta: “ O fato de funcionar o controle, ou guia espiritual do médium, como intermediário para certas comunicações, não quer dizer que todos eles operem como médiuns, no sentido habitual da palavra. Muitos deles apenas captam as emissões de pensamento de um companheiro espiritual e as retransmitem ao médium encarnado para que este possa convertê-lo em palavras escritas, faladas ou símbolos. Embora isso não deixe de ser uma intermediação, não representa, a rigor, uma forma de mediunidade tal como a conhecemos, se ficarmos adstritos ao conceito de que o médium é aquele que serve de intermediário entre os seres desencarnados e os encarnados. Há, contudo, exemplos bem caracterizados de espíritos que não apenas descrevem o que estão captando de outros espíritos, mas funcionam mesmo como médiuns de tais companheiros, servindo de ponte psíquica àquele que não tem condições de se utilizar de um médium encarnado a fim de alcançar, com seu recado, outros seres encarnados.” MÉDIUNS, TODOS SOMOS EM AMBOS OS PLANOS DA VIDA Para finalizar, trazemos mais uma vez a colaboração de Manoel Philomeno de Miranda, na obra acima citada, ao retratar sabiamente que: “A mediunidade é faculdade da alma que no corpo se reveste do arcabouço de células para facultar a captação de ondas e vibrações sutis além da esfera física. [...] Médiuns, todos o somos em ambos os planos da vida [...]” Portanto, a de ser crer, pela lógica dos incontáveis fatos apresentados pela literatura espírita que a mediunidade é um dom do espírito, tendo sua sede no corpo espiritual (perispírito); ao encarnar, o Espírito que irá ter a mediunidade aflorada, recebe um corpo físico compatível com a medianimidade que irá exercer enquanto encarnado, sendo a glândula pineal (epífese) a responsável pela mediunidade no corpo carnal . Desse modo, a mediunidade é de origem espiritual, mas também de natureza orgânica. Texto extraído do livro Mediunidade com Kardec de Patrick Lima . Capítulo 2: Mediunidade Sem Medo Pergunta 08: A mediunidade é de natureza orgânica ou espiritual? Como citar: LIMA, Patrick. Mediunidade com Kardec. Poverello Edições, 2023. 1ª ed. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS KARDEC , Allan. O Livro dos Médiuns. Tradução de Salvador Gentile. 9ª edição. Editora Boa Nova, 2004. FRANCO , Divaldo (psicografia). Mediunidade: Desafios e Bênçãos. Manoel Philomeno de Miranda (espírito). Editora LEAL, 2019. FRANCO , Divaldo Pereira (psicografia). Médiuns e Mediunidades. Vianna de Carvalho (espírito). 9. ed. Salvador: LEAL, 2015. PEREIRA , Yvonne do Amaral. Recordações da Mediunidade. Editora FEB, 1968. MIRANDA , Hermínio C. Diversidade dos Carismas. LACHATRE, 2019. DESCARTES , René. Meditações Metafísicas. Tradução de Edson Bini. EdiPro, 2018. KARDEC , Allan. O Livro dos Espíritos. Tradução de Guillon Ribeiro. FEB; 93ª edição. Rio de Janeiro, 2014. XAVIER , Francisco Cândido. Missionários da Luz. André Luiz (espírito). FEB Editora, 2018. MAIA , João Nunes (psicografia). Segurança Mediúnica. Miramez (espírito). Fonte Viva, 2ª edição, março de 2015. MIRANDA , Hermínio Corrêa de. Diálogo com as Sombras. FEB Editora, 2018. MIRANDA , Hermínio C. Diversidade dos Carismas. LACHATRE, novembro de 2019, 9ª edição. XAVIER , Francisco Cândido. Libertação. André Luiz (espírito). FEB Editora, 2019.
- 07. A mediunidade é considerada como um dom ou um castigo?
A mediunidade é uma faculdade neutra, sendo o seu detentor, responsável direto pelo bom ou mau uso que dela venha a fazer. Para muitos, a mediunidade pode ser uma benção, uma ponte que se estende ao seu desenvolvimento moral e intelectual; para outros, a mediunidade é um sofrimento, um martírio. Em ambos os casos, a mediunidade é uma ferramenta que auxilia o progresso do seu usufrutuário e consequentemente, do planeta, da humanidade. A mediunidade é considerada como um dom ou um castigo? Para Emmanuel¹, mentor espiritual de Chico Xavier, os médiuns, em sua generalidade, não são missionários na acepção comum do termo; são almas que fracassaram desastradamente, que contrariaram, sobremaneira, o curso das leis divinas, e que resgatam, sob o peso de severos compromissos e ilimitadas responsabilidades, o passado obscuro e delituoso. Dando continuidade, escreve Emmanuel: “O seu pretérito, muitas vezes, se encontra enodoado de graves deslizes e de erros clamorosos. Quase sempre, são Espíritos que tombaram dos cumes sociais, pelos abusos do poder, da autoridade, da fortuna e da inteligência, e que regressam ao orbe terráqueo para se sacrificarem em favor do grande número de almas que desviaram das sendas luminosas da fé, da caridade e da virtude.” E conclui dizendo que os médiuns “são almas arrependidas que procuram arrebanhar todas as felicidades que perderam, reorganizando, com sacrifícios, tudo quanto esfacelaram nos seus instantes de criminosas arbitrariedades e de condenável insânia.” Portanto, os medianeiros, em sua maioria, não são seres aureolados ou altamente evoluídos e distintos, mas criaturas renitentes no erro, na dor e nas quedas de suas próprias ações. MEDIUNATO Por outro lado, há médiuns – que através de um longo caminho de trabalho e dedicação ao bem, além dos sacrifícios a que se consagraram – portadores de um mandato mediúnico (mediunato), isto é, uma reencarnação cuja mediunidade tem como missão um projeto mais amplo de auxílio e dedicação ao próximo. Como exemplo dessa mediunidade missionária, trazemos à lembrança a figura do saudoso Francisco Cândido Xavier (Chico Xavier). Longe dos holofotes, trabalhando no anonimato, também há médiuns missionários, cuja responsabilidade é proporcional ao fardo que a sua evolução condiz. Sendo assim, cada médium tem um trabalho a cumprir e a desenvolver, independentemente da função, proporção ou local no qual a Divindade o designou. Para enfatizar, gostaríamos de trazer a lume as palavras do benfeitor Miramez no livro Segurança Mediúnica : “O dom mediúnico é um tesouro que não foi achado por acaso nos escaninhos da alma, mas conquistado, passo a passo, nos duros processos da evolução do Espírito, onde as mãos de Deus semearam os princípios vivos do amor.” MEDIUNIDADE NÃO É PRIVILÉGIO A mediunidade é um dom de Deus que nos é concedido com o objetivo de auxiliar o nosso progresso; é uma dádiva para quem sente em seu coração o desejo de se melhorar e de ajudar o próximo. Compartilhando desse pensamento, em Diversidade dos Carismas , o autor Hermínio de Miranda diz que a “mediunidade não é privilégio concedido a alguns e negado a outros para que aqueles possam projetar-se e estes não. As faculdades são distribuídas segundo um programa de ação previamente acertado como instrumento de trabalho para ajudar o processo evolutivo do próprio médium e dos seres aos quais ele estender a mão para socorrer. É, portanto, responsabilidade e não título de nobreza ou destaque social.” Os dons mediúnicos são bênçãos na vida de quem já despertou para as realidades do espírito e compreende que a caridade é o único meio do homem se desvencilhar (desprender, libertar) das suas inferioridades, tais como, o orgulho, o egoísmo, o ódio, o rancor, a inveja, a cupidez, etc. A mediunidade é a voz de Deus que ressoa nas fibras mais íntimas do nosso coração, mostrando-nos o caminho da luz. Até mesmo os que possuem uma mediunidade torturada, provacional, podem e devem enxergar essa oportunidade como redenção, pois através desse processo, vamos despertando para as consequências das nossas próprias ações, e assim, nos corrigindo, parando de insistir nas armadilhas (criadas por nós mesmos) que nos prendem ao sofrimento. Texto extraído do livro Mediunidade com Kardec de Patrick Lima . Capítulo 2: Mediunidade Sem Medo Pergunta 07: A mediunidade é considerada como um dom ou um castigo? Como citar: LIMA, Patrick. Mediunidade com Kardec. Poverello Edições, 2023. 1ª ed. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ¹XAVIER , Francisco Cândido (psicografia). Emmanuel. Emmanuel (espírito). FEB Editora, 2010. MAIA , João Nunes (psicografia). Segurança Mediúnica. Miramez (espírito). Fonte Viva, 2ª edição, março de 2015. MIRANDA , Hermínio C. Diversidade dos Carismas. LACHATRE, novembro de 2019, 9ª edição.
- 05. A mediunidade foi criada pelo Espiritismo?
A oficialização do Espiritismo como doutrina sistematizada se deu em 18 de abril de 1857, com o lançamento da primeira edição de O Livro dos Espíritos . Essa obra marcou o início de um novo campo de estudo, fundamentado na observação dos fenômenos espirituais e na análise racional das leis que regem a relação entre o mundo material e o mundo espiritual. A mediunidade foi criada pelo Espiritismo? Dando continuidade à sua pesquisa, Kardec ampliou o seu olhar sobre os fenômenos mediúnicos, analisando-os sempre com seriedade e método científico. O resultado desse trabalho criterioso foi a publicação, em 1861, de O Livro dos Médiuns ou Guia dos Médiuns e dos Evocadores , a obra mais completa no que diz respeito à mediunidade . A importância dessa obra é tamanha que muitos — equivocadamente — chegam a supor que a mediunidade teria surgido somente com o advento do Espiritismo. Entretanto, no capítulo XXXI de O Livro dos Médiuns , Kardec afirma que o dom da mediunidade é tão antigo quanto o mundo. Os profetas eram médiuns. Os mistérios de Elêusis se fundavam na mediunidade. Os Caldeus, os Assírios tinham médiuns. Sócrates era dirigido por um Espírito que lhe inspirava os admiráveis princípios da sua filosofia; ele lhe ouvia a voz. Todos os povos tiveram seus médiuns e as inspirações de Joana d’Arc não eram mais do que vozes de Espíritos benfazejos que a dirigiam. Complementando essa linha de raciocínio, o autor espiritual Manoel Philomeno de Miranda — em Mediunidade: Desafios e Bênçãos , pela psicografia de Divaldo Franco — reitera que, na raiz de quase todos os acontecimentos históricos encontramos a inspiração das mentes desencarnadas interferindo nos comportamentos humanos de maneira eficiente e vigorosa. MEDIUNIDADE NA BÍBLIA A história da humanidade apresenta inúmeros relatos de manifestações espirituais. Desde os tempos mais antigos, a presença dos Espíritos se revela em diferentes momentos da experiência humana, ainda que interpretada, em cada época, segundo a cultura e as crenças vigentes. A heroína silenciosa, Yvonne do Amaral Pereira, menciona — ao longo de suas obras — que o livro Atos dos Apóstolos pode ser considerado o primeiro tratado sobre mediunidade no qual temos registro. Nele, encontram-se diversas ocorrências mediúnicas vividas pelos seguidores de Jesus após o Pentecostes. A Bíblia, de maneira geral, quando analisada sob a ótica espírita, revela uma rica variedade de ocorrências mediúnicas. Dentre elas, podemos mencionar: A mão misteriosa que apareceu e escreveu durante o banquete do rei Baltazar (Daniel 5:5-31). A consulta do rei Saul ao espírito do profeta Samuel, feita por meio da pitonisa de En-Dor (1 Samuel 28:7-19). O anúncio do nascimento de Jesus, quando Maria recebeu a visita do anjo Gabriel (Lucas 1:26-38). A transfiguração de Jesus diante dos apóstolos Pedro, Tiago e João — todos os doze apóstolos eram médiuns —, além da materialização de Moisés e Elias. (Mateus 17:1-8) A libertação de Pedro da prisão, onde um anjo interveio para auxiliá-lo (Atos 12:7-11). A conversão de Saulo (que se tornaria Paulo) no caminho de Damasco, após a aparição de Jesus. (Atos 9:1-19) As visões proféticas do apóstolo João sobre o Apocalipse na ilha de Patmos (Apocalipse 1:1-20). É justo apontarmos que, até mesmo nas biografias oficiais dos chamados santos , publicadas e reconhecidas pela própria Igreja Católica, há registros de fenômenos que, segundo a interpretação espírita, podem ser considerados manifestações mediúnicas. Destacam-se, em particular: Santa Luzia (?–304) Apresentava mediunidade de vidência (relatava visões espirituais, como a de Santa Ágata), de cura (realizava curas com auxílio dos Espíritos) e de efeitos físicos (permaneceu ilesa ao fogo e, após ter os olhos arrancados, segundo relatos, surgiram novos olhos em seu rosto). Santa Brígida (1303–1373) Manifestava mediunidade de vidência e audiência (via e ouvia Espíritos com frequência), psicofonia (transmitia mensagens espirituais com sua própria voz), psicografia (registrava comunicações por escrito) e xenoglossia (relatava mensagens em idiomas que não conhecia). Suas experiências foram reunidas na obra O Livro das Revelações . Declarava abertamente, mesmo diante das autoridades do clero da sua época, que era porta-voz dos Espíritos. Santa Teresa D’Ávila (1515–1582) Exibia mediunidade de vidência e audiência (dizia ver os Espíritos com os olhos da alma , mesmo de olhos fechados). Relatava contatos espirituais com Frei Pedro de Alcântara, Santo Antônio de Pádua, São Francisco de Assis e Jesus Cristo. Fatos semelhantes estão presentes, igualmente, nas histórias de vida de diversas personalidades religiosas, como Santo Antônio de Pádua (1195–1231), Santa Joana d’Arc (1412–1431), São Francisco de Assis (1181–1226), São Vicente de Paulo (1581–1660), Santa Clara (1194–1253), São Pedro de Alcântara (1499–1562), Santa Margarida Maria Alacoque (1647–1690), Santa Teresa de Ávila (1515–1582), Dom Bosco (1815–1888), Teresa Neumann (1898–1962) e Santa Teresinha do Menino Jesus (1873–1897). O fenômeno mediúnico, portanto, não foi criado pelo Espiritismo. Nova é tão somente a forma como percebemos e conhecemos como essas faculdades se manifestam. Texto extraído do livro Mediunidade com Kardec de Patrick Lima . Capítulo 2: Mediunidade Sem Medo Pergunta 05: A mediunidade foi criada pelo Espiritismo? Como citar: LIMA, Patrick. Mediunidade com Kardec. Poverello Edições, 2023. 1ª ed. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS KARDEC , Allan. O Livro dos Espíritos. Tradução de Guillon Ribeiro. FEB; 93ª edição. Rio de Janeiro, 2014. KARDEC , Allan. O Livro dos Médiuns (cap. XXXI). Tradução de Salvador Gentile. 9ª edição. Editora Boa Nova, 2004. FRANCO , Divaldo (psicografia). Mediunidade: Desafios e Bênçãos. Manoel Philomeno de Miranda (espírito). Editora LEAL, 2019. BÍBLIA DE JERUSALÉM . 14ª impressão. Editora PAULUS, 2017.
- 04. O que é mediunidade?
Enquanto o médium é a pessoa que apreende pelos sentidos a influência dos Espíritos com clareza, frequência e intensidade — servindo de intermediário entre duas dimensões distintas —, a mediunidade é a faculdade, a ferramenta ou o mecanismo sensorial que permite esse intercâmbio em graus variados de sensibilidade. A mediunidade é, na maioria das vezes, prova ou tarefa de responsabilidade reencarnatória. Essa aptidão não constitui um privilégio, dom, castigo, tampouco sinal de superioridade evolutiva. Trata-se de uma capacidade orgânica e espiritual, presente de forma embrionária em todos, mas ostensiva apenas em alguns. ( vide questão 03 ). Além disso, representa uma oportunidade educativa que, muitas vezes, pode estar ligada a compromissos espirituais assumidos antes da reencarnação. OBJETIVOS E FINALIDADES DA MEDIUNIDADE Fundamentados em O Livro dos Médiuns , de Allan Kardec, e Espíritos e Médiuns , de Léon Denis, delineamos a seguir os principais objetivos e finalidades da mediunidade. Comprovação da imortalidade da alma; Intercâmbio entre o mundo espiritual e o mundo material; Canal de socorro e consolo a encarnados e desencarnados; Oportunidade de evolução pessoal para o médium; Transmissão das leis divinas e conhecimentos espirituais; Esclarecimento dos fenômenos; Contribuição para a regeneração moral da humanidade. Em suma, a mediunidade tem como finalidade principal o crescimento moral, intelectual e espiritual do ser humano . Ela existe para auxiliar na evolução do médium e de todos aqueles que são beneficiados pelo intercâmbio entre os dois planos da vida. Tendo como princípio a educação da alma, a mediunidade — sob a ótica espírita — é uma ferramenta de auxílio mútuo, beneficiando tanto o Espírito que se comunica, quanto aqueles que recebem a mensagem, e também o próprio médium que serviu de instrumento em sua veiculação. MEDIUNIDADE COM JESUS Mediunidade com Jesus é a expressão pela qual os Espíritos superiores designam o exercício mediúnico guiado pelos princípios do Cristo, especialmente aqueles expressos no Evangelho: humildade, caridade, disciplina, responsabilidade e amor ao próximo. Essa prática transcende o mero contato com o mundo espiritual, alçando a faculdade mediúnica a um patamar de serviço, caridade e transformação moral. Ela atua na transformação do médium para que este possa, por sua vez, influenciar positivamente o ambiente em que se insere. Constitui, assim, um trabalho realizado com consciência e coração, em plena sintonia com os princípios do Cristo. Os fundamentos que caracterizam a Mediunidade com Jesus incluem: Baseada nos princípios do Evangelho e da moral cristã; Caridade desinteressada ; Serviço abnegado ao próximo; Gratuidade absoluta (proibição de qualquer cobrança ou remuneração) ; Conduta íntegra e ética em todas as suas ações; Humildade genuína ( isenção de vaidade, orgulho, personalismo ); Exercício mediúnico sem ostentação (discrição e sobriedade); Ausência de busca por reconhecimento, aplausos ou destaque pessoal ; Disciplina e estudo contínuos da doutrina; Sintonia vibratória com o bem (elevação moral e do pensamento); Voltada ao bem coletivo e à elevação espiritual da humanidade. MEDIUNIDADE ESPÍRITA x OUTRAS DENOMINAÇÕES RELIGIOSAS A mediunidade é um fenômeno universal, presente em todas as culturas, épocas, religiões e classes sociais, acompanhando o ser humano desde seus primeiros passos sobre a Terra. No entanto, foi Allan Kardec quem lhe conferiu um tratamento metódico, racional e moralmente orientado, estabelecendo as bases do que denominamos mediunidade espírita . É fundamental sublinhar que a mediunidade praticada pela Doutrina Espírita, conforme as diretrizes de Kardec, não possui nenhuma relação com episódios de adivinhações, amarrações amorosas, desmanche de casamentos, cobranças de quaisquer espécies de valores (favores, trocas, compensações), rituais, oferendas, imolação de animais ou trabalhos que visem ao consulente obter ganhos financeiros, heranças, etc. Ao compartilharmos os princípios que norteiam a prática mediúnica sob a orientação de Allan Kardec — alicerçada nos ensinamentos do Evangelho de Jesus —, nosso intuito é oferecer uma referência clara para aqueles que se identificam com o Espiritismo em sua vertente kardecista. ( vide questão 44 ). Reconhecemos e respeitamos que outras tradições religiosas também fazem uso da mediunidade, com compreensões e métodos distintos. Esta reflexão, portanto, dirige-se especialmente aos trabalhadores da seara espírita que buscam aprofundar sua prática mediúnica com base nos fundamentos codificados por Kardec. Texto extraído do livro Mediunidade com Kardec de Patrick Lima . Capítulo 2: Mediunidade Sem Medo Pergunta 04: O que é mediunidade? Como citar: LIMA, Patrick. Mediunidade com Kardec. Poverello Edições, 2023. 1ª ed. REFERÊNCIAS KARDEC , Allan. O Livro dos Médiuns. Tradução de Salvador Gentile. 9ª edição. Editora Boa Nova, 2004. DENIS , Léon. Espíritos e Médiuns. Tradução de José Jorge. Edições CELD – Centro Espírita Léon Denis. 3ª edição. Rio de Janeiro, março de 2001.
- 03. O que é médium? Todos somos médiuns?
A palavra médium vem do latim medium , que significa meio, centro ou intermediário . Originalmente, esse termo era usado para indicar tudo aquilo que se encontra entre dois polos ou realidades, algo que estabelece a ligação ou faz a mediação entre partes distintas. Como saber se sou médium segundo o Espiritismo? No entanto, o uso da palavra médium para designar uma pessoa capaz de intermediar a comunicação entre o mundo espiritual e o mundo material é relativamente recente. Esse emprego começou a se consolidar apenas a partir do século XIX, com o surgimento dos primeiros estudos sistemáticos sobre os chamados fenômenos espirituais. Antes disso, diversas culturas já conheciam e experienciavam manifestações atribuídas a Espíritos, mas sem utilizar esse vocabulário técnico. Foi no contexto do espiritualismo moderno — especialmente na Europa e nos Estados Unidos — que o termo medium (na forma inglesa) passou a ser usado com mais frequência para identificar pessoas que serviam como canal para mensagens do além. Essa acepção se difundiu por influência direta do movimento espiritualista e, de modo indireto, pelas ideias do pensador sueco Emanuel Swedenborg (1688–1772), que, embora não tenha utilizado esse termo, ajudou a consolidar as bases do pensamento espiritualista europeu. No Espiritismo, codificado por Allan Kardec em meados do século XIX, o termo médium passou a adquirir um significado mais específico: designa a pessoa que atua como ponte entre dois planos ou dimensões distintas. Em termos práticos, trata-se daquele que, de forma sensível e consciente, serve de intermediário na ação dos Espíritos, permitindo manifestações perceptíveis — como psicografias, incorporação, vidência e audiência mediúnica, toques — entre outras formas de interação. (Referências: Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa; Trésor de la langue française informatisé – TLF) SEGUNDO KARDEC, O QUE É MÉDIUM? Allan Kardec, no capítulo XIV de O Livro dos Médiuns afirma que todo aquele que sente , num grau qualquer, a influência dos Espíritos é, por esse fato, médium . Para entender corretamente essa frase, é fundamental refletir sobre o significado do verbo sentir nesse contexto. Para isso, vamos recorrer ao texto original em francês, a fim de compreendermos com mais precisão o que Kardec realmente quis transmitir. NO ORIGINAL FRANCÊS No original francês de Le Livre des Médiums , Kardec escreveu: — Toute personne qui ressent , à un degré quelconque, l’influence des Esprits est, par cela même, médium. O verbo em destaque é ressentir . No francês, ressentir não é um simples equivalente do nosso sentir , trata-se de um verbo mais forte e específico. Segundo o Dicionário Larousse — uma das obras de referência mais tradicionais e respeitadas da lexicografia francesa —, o termo significa: — Experimentar uma sensação física ou emocional de forma intensa. Ou seja, não estamos falando de uma impressão vaga ou de uma percepção sutil. O verbo ressentir envolve uma experiência perceptível, intensa e concreta, que pode ser física, emocional ou mental, mas sempre com forte impacto sobre quem a vivencia. TRADUÇÃO PARA O PORTUGUÊS Na tradução mais conhecida para o português de O Livro dos Médiuns — realizada pela FEB, com base nos trabalhos de Guillon Ribeiro e outros colaboradores —, o verbo francês ressentir foi convertido em sentir . Essa escolha ampliou consideravelmente o campo de significados da frase original. Essa pequena mudança pode parecer sutil, mas altera significativamente o alcance da ideia, como veremos a seguir. Segundo o Dicionário Houaiss , o verbo sentir pode significar: — Perceber por meio dos sentidos (ex.: sentir calor); — Experimentar emoção (ex.: sentir saudade); — Intuir (ex.: sentir que algo está errado). Esse leque de significados torna o termo mais ambíguo e menos preciso do que o uso original feito por Kardec. RESSENTIR x SENTIR: UMA DIFERENÇA QUE MUDA TUDO Um ponto que merece atenção na leitura da frase de Kardec é o uso do verbo francês ressent , traduzido para o português como sentir . À primeira vista, essa equivalência parece aceitável, já que os dois verbos compartilham campos semânticos muito próximos. No entanto, uma leitura mais atenta — tanto do original francês quanto das implicações doutrinárias da frase — revela que essa tradução pode diluir o significado original pretendido por Kardec, merecendo, portanto, uma análise mais precisa. Em francês, os verbos sentir e ressentir são, de fato, semelhantes. Ambos indicam que algo é percebido pelos sentidos ou pela sensibilidade psíquica. No entanto, há entre eles uma diferença importante: Sentir , tanto em francês quanto em português, pode se referir a qualquer tipo de percepção, desde uma sensação física leve até uma intuição vaga, sendo um termo neutro quanto à intensidade. Trata-se de uma palavra ampla e genérica. Ressentir , por sua vez, carrega a ideia de experimentar algo de forma mais intensa, consciente, interna e emocionalmente significativa. Não se trata apenas de perceber algo de passagem, mas de ser afetado de maneira clara e perceptível. É justamente essa distinção que justifica a escolha do verbo ressentir por parte de Kardec. Ele não está dizendo que qualquer pessoa que pressinta algo indefinido seja, por isso, médium. O termo ressentir indica que a influência espiritual é reconhecida pela pessoa de maneira concreta, sensível e direta, ainda que em graus diferentes. A tradução clássica da obra, ao adaptar ressentir simplesmente como sentir , acaba atenuando essa nuance fundamental. Isso ajuda a explicar por que muitos leitores passam a interpretar — erroneamente — que qualquer pessoa que tenha uma leve intuição, um pressentimento ou uma impressão vaga já pode ser considerada médium. Essa observação não visa desqualificar a tradução existente, mas destacar os limites inevitáveis da equivalência linguística entre línguas diferentes, especialmente quando se trata de termos com valor técnico e doutrinário. O tradutor, ao optar por sentir , certamente se baseou na similaridade geral dos verbos, mas essa escolha — embora compreensível — pode induzir o leitor a uma interpretação menos precisa. INFLUÊNCIA DOS ESPÍRITOS Com isso, chegamos a uma distinção essencial: todos sofremos influência espiritual, mas nem todos somos médiuns. Em O Livro dos Espíritos , questão 459, Kardec confirma essa influência ao perguntar: Influem os Espíritos em nossos pensamentos e em nossos atos? — Muito mais do que imaginais; influem a tal ponto que, de ordinário, são eles que vos dirigem. Portanto, embora todos sejamos influenciados pelos Espíritos, isso não significa que todos sejamos capazes de perceber conscientemente essa influência, tampouco de servir como canal para manifestações evidentes. E é aí que entra o verdadeiro sentido da mediunidade. INFLUÊNCIA ≠ MEDIUNIDADE Para que possamos apreender esta ideia com maior lucidez, proponhamos um paralelo simples. Consideremos o sinal de Wi-Fi que se propaga invisível no ambiente ao nosso redor. Ele se encontra em toda parte, acessível, tal qual em uma vasta atmosfera de ondas. Contudo, somente o aparelho receptor, dotado da tecnologia e da configuração adequadas, é capaz de captar essas vibrações e as traduzir em uma conexão útil à internet. Assim é que, embora as ondas estejam ali, manifestando-se à nossa volta, sua percepção e utilidade dependem essencialmente da capacidade de quem as recebe. Na mediunidade, o princípio é semelhante. Todos estamos imersos no campo espiritual, como se estivéssemos cercados por uma imensa rede de sinais invisíveis. Mas, assim como apenas alguns aparelhos são capazes de captar e traduzir esses sinais, apenas alguns indivíduos conseguem perceber essas influências com nitidez e manifestá-las por meio de fenômenos como a psicografia, psicofonia, visões, entre outras medianimidades. RAROS SÃO OS QUE NÃO POSSUEM RUDIMENTOS Retornando ao Livro dos Médiuns , Kardec aprofunda seu raciocínio ao destacar: Por isso mesmo, raras são as pessoas que dela não possuam alguns rudimentos. Ao falar em rudimentos, Kardec não está dizendo que todos possuem mediunidade ostensiva. Ele se refere a sinais muito iniciais e pouco desenvolvidos da sensibilidade espiritual, como certa intuição, impressão ou uma percepção vaga. Esses indícios ainda não caracterizam a mediunidade propriamente dita, mas indicam que essa faculdade existe de forma potencial em todo ser humano. Para facilitar a compreensão, podemos pensar na mediunidade como um talento musical. Quase todas as pessoas são capazes de perceber ritmo, repetir uma melodia simples ou identificar uma nota musical. Esses são rudimentos musicais, que não tornam alguém um músico profissional, mas indicam que a estrutura básica está presente. Da mesma forma, a maioria das pessoas possui rudimentos mediúnicos — intuições e percepções, pressentimentos, sensações inexplicáveis —, mas só se considera médium, na acepção kardequiana do termo, aquele que manifesta a faculdade de forma clara, contínua e com efeitos evidentes. Essa diferenciação ajuda a evitar equívocos comuns. Sentir alguma coisa não torna a pessoa, automaticamente, um médium. MEDIUNIDADE OSTENSIVA x MÉDIUM OSTENSIVO Mediunidade ostensiva se refere à mediunidade ativa, clara e bem desenvolvida. É quando a pessoa não apenas percebe a influência espiritual, mas também serve de canal para manifestações contínuas e verificáveis. Essa expressão é válida para descrever a faculdade mediúnica quando esta se apresenta de forma clara e evidente. O termo médium ostensivo , por sua vez, embora seja comum na linguagem popular, é dispensável do ponto de vista doutrinário. Isso porque, conforme a definição de Kardec, o próprio conceito de médium já implica uma mediunidade manifesta e evidente. Ou seja, chamar alguém de médium ostensivo seria o mesmo que dizer médico que exerce a medicina ou outra expressão similar. No entanto, o uso dessa expressão se difundiu especialmente para fins pedagógicos, com o objetivo de destacar a diferença entre aqueles que possuem a mediunidade claramente desenvolvida — segundo a definição do codificador — e aqueles que apenas apresentam sensibilidades ou influências espirituais mais sutis, como os sensitivos. Em contextos de estudo e divulgação, essa expressão passou a ser empregada para facilitar a compreensão do grau de desenvolvimento da faculdade mediúnica, ainda que, na prática, não seja necessária. Por isso, seu uso deve ser entendido como recurso explicativo, e não como uma categoria doutrinária estabelecida por Kardec. SOMOS TODOS MÉDIUNS? Kardec comenta, na Revista Espírita (fevereiro de 1859): O vocábulo [médium] tem uma acepção mais restrita, e geralmente se diz médium às pessoas dotadas de um poder mediatriz muito grande... Ou seja, embora todos tenhamos alguma sensibilidade espiritual, o nome médium deve ser reservado àqueles cuja faculdade é clara e operante. No capítulo XIV de O Livro dos Médiuns , Kardec ressalta: Pode, pois, dizer-se que todos são, mais ou menos, médiuns. Mas ele imediatamente completa: Todavia, usualmente, assim só se qualificam aqueles em quem a faculdade mediúnica se mostra bem caracterizada e se traduz por efeitos patentes, de certa intensidade, o que então depende de uma organização mais ou menos sensitiva. Esse todavia seguido de vírgula tem o papel de uma conjunção adversativa. Ou seja, a segunda parte da frase restringe e qualifica a generalização feita na primeira. Em princípio, todos somos sensíveis ao mundo espiritual. Mas, conforme o uso que Kardec faz do termo, médium é aquele que reconhece com clareza e regularidade a presença e a ação dos Espíritos. Isso mostra que, embora todos possam apresentar sinais de sensibilidade espiritual, não se pode afirmar, à luz da definição kardecista, que todos sejam médiuns. SENSITIVO É O MESMO QUE MÉDIUM? Em Segurança Mediúnica, o Espírito Miramez — por meio da psicografia de João Nunes Maia — nos ensina que a mediunidade é um estado natural da criatura, um dom, um fruto maduro. O sensitivo, por sua vez, é um fruto verde a caminho da maturidade. É por isso que nem todo sensitivo é, de fato, um médium. O sensitivo capta impressões espirituais de forma vaga, intuitiva ou emocional, mas ainda não manifesta uma comunicação nítida e recorrente com o plano espiritual. Trata-se de um estágio inicial. AINDA SOMOS TODOS MÉDIUNS? No Espiritismo, a palavra médium não é um título espiritual, nem um rótulo genérico para pessoas sensíveis ou intuitivas. Trata-se de um termo com valor específico. Diante das considerações aqui apresentadas, a definição de médium que mais se aproxima do pensamento do codificador seria a seguinte: Médium é aquele que percebe, de forma física e consciente (que apreende pelos sentidos, com clareza, frequência e intensidade), em algum grau, a influência dos Espíritos. Allan Kardec, ao afirmar que todo aquele que sente a influência dos Espíritos é médium, não quis dizer que todos o são no mesmo grau ou com a mesma clareza. Sua intenção foi mostrar que a sensibilidade espiritual é uma faculdade natural do ser humano, ainda que, na maioria das pessoas, essa influência ocorra de forma sutil, difusa ou mal interpretada. Por isso mesmo, ele esclarece, nos parágrafos seguintes, que o uso comum da palavra médium deve ser reservado àqueles cuja faculdade mediúnica se manifesta de maneira nítida, constante e reconhecível. Essa distinção entre sensibilidade mediúnica (presente em todos) e mediunidade ostensiva (presente em alguns) é fundamental para evitar confusões conceituais. Muitas vezes, experiências como uma intuição repentina, um arrepio inexplicável ou um pressentimento isolado são interpretadas como mediunidade, quando, na verdade, fazem parte das influências espirituais a que todos estamos sujeitos em diferentes graus , sem que isso, por si só, configure a presença da faculdade mediúnica propriamente dita. Esclarecer essa distinção não apenas enriquece o entendimento sobre a mediunidade, como também protege o estudo espírita de interpretações apressadas, ajudando cada pessoa a se situar com mais responsabilidade diante dessa faculdade. Texto extraído do livro Mediunidade com Kardec de Patrick Lima . Capítulo 2: Mediunidade Sem Medo Pergunta 03: O que é médium? Todos somos médiuns? Como citar: LIMA, Patrick. Mediunidade com Kardec. Poverello Edições, 2023. 1ª ed. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS DICIONÁRIO HOUAISS da Língua Portuguesa. 1ª edição. Rio de Janeiro: Editora Objetiva, 2001. TRÉSOR DE LA LANGUE FRANÇAISE – TLF. Medium . CNRS/ATILF – Analyse et traitement informatique de la langue française. KARDEC , Allan. O Livro dos Médiuns, ou Guia dos Médiuns e dos Evocadores: Espiritismo experimental. Tradução de Guillon Ribeiro (a partir da 49ª edição francesa). Brasília: Federação Espírita Brasileira, 81ª edição, 2020. KARDEC , Allan. Le Livre des Médiums, ou Guide des Médiums et des Évocateurs. 11e édition. Paris: Didier, 1869. LAROUSSE , Éditions. Dictionnaire de français Larousse. 1ª edição eletrônica. Paris: Larousse, 2024. KARDEC , Allan. O Livro dos Espíritos. Tradução de Guillon Ribeiro. FEB; 93ª edição. Rio de Janeiro, 2014. KARDEC , Allan. Revista Espírita – Jornal de estudos psicológicos – fevereiro de 1859. Tradução de Julio Abreu Filho. Edicel Editora; 4ª edição, março de 2020. MAIA , João Nunes (psicografia). Segurança Mediúnica. Miramez (espírito). Fonte Viva, 2ª edição, março de 2015. GUIMARÃES , Anete. Mediunidade: Mitos e Verdades. Seminário realizado na Associação Espírita A Caminho da Luz (AELUZ), São José do Rio Preto, SP, 23 de abril de 2016.
- 02. Por que fundamentamos nossos estudos em Kardec?
Kardec é um prisma, uma bússola, um guia seguro para todos que buscam estudar a mediunidade e o intercâmbio com o mundo espiritual. Por que devemos iniciar nossos estudos de educação mediúnica através das obras de Kardec? Além das questões fenomênicas relacionadas ao mediunismo, Kardec deixou um legado incomparável, fruto de 12 anos contínuos de dedicação e pesquisa. Esse esforço resultou na codificação da Doutrina Espírita, apresentada em 23 obras. Ao longo de seus escritos, especialmente em O Livro dos Médiuns , Kardec trouxe à superfície o mais completo e seguro guia sobre mediunidade. Com isso, não estamos afirmando que Kardec deva ser a única referência para o médium ou qualquer outro adepto do espiritismo/espiritualismo. Como recomendação, sem qualquer pretensão, sempre incentivamos a leitura de diversas obras, sejam elas espíritas ou não. No entanto, cabe ao leitor exercer seu senso crítico e discernimento, assimilando de cada leitura apenas aquilo que for bom e elevado. Nos tempos atuais, em que as informações são disseminadas de forma massiva, é fundamental termos uma base sólida e confiável para distinguir entre o que é real e o que é fantasioso. Desse modo, todo aquele que tem como referência as obras de Allan Kardec está sempre em boa companhia. PESQUISAS Nas pesquisas para este livro, por exemplo, nos deparamos com diversas páginas na internet oferecendo informações e comentários sobre o tema consultado, sem, no entanto, apresentarem nenhuma referência. Isso quando o conteúdo de um link não era simplesmente copiado e colado repetidamente em outros meios, propagando assim uma informação duvidosa e sem confiabilidade. Sem contar as páginas que, embora citassem as referências dos livros consultados, apresentavam fontes distorcidas ou diferentes do texto original. Ou seja, é sempre importante verificar as referências ao navegar pela internet ou qualquer outro meio de informação. Em inúmeros sites que abordam a temática espiritual, o senso comum prevalece. Em outras palavras, as informações são baseadas unicamente em experiências pessoais, sem fundamentos ou bases teóricas racionais. No entanto, o mais alarmante são as páginas com milhares de seguidores, cujos responsáveis não têm preparo adequado ou, possivelmente, estão sob a influência de um processo de fascinação. MÉDIUNS YOUTUBERS Em casos mais gritantes, deparamo-nos com alguns médiuns youtubers (com milhares de inscritos) afirmando-se detentores de informações privilegiadas por parte dos Espíritos superiores . Em outro momento, encontramos uma médium — que se diz espírita — oferecendo seus "serviços" de psicografia. Ela garante que, em pouco tempo, o cliente receberá uma carta psicografada de seu ente querido, acompanhada de um áudio do texto. Para isso, basta pagar uma quantia modesta e aguardar até 15 dias. Também observamos um canal, cujo médium interesseiro, de maneira equivocada, afirma aos seus 2,4 milhões de seguidores que o medianeiro é um trabalhador comum, podendo lucrar com os livros "psicografados" por seu intermédio, além de cobrar por consultas e trabalhos específicos utilizando-se da sua "mediunidade" . ( vide questão 54 ) TERAPEUTAS QUÂNTICOS Dentro das casas espíritas, observa-se, atualmente, uma crescente divulgação de ideias relacionadas à física quântica, frequentemente propagadas por palestrantes e trabalhadores espiritistas que se apresentam como terapeutas quânticos . No entanto, esses divulgadores, em muitas situações, não compreendem completamente os termos técnicos que utilizam e, em boa parte dos casos, não possuem formação acadêmica específica na área, como licenciatura ou bacharelado em Física. De modo similar, mesmo sem qualquer formação em medicina ou nutrição, essas pessoas oferecem, como parte de seus "serviços", promessas de curas rápidas por meio de reprogramação celular , emagrecimento sem grandes esforços, divórcios energéticos para a desvinculação espiritual do antigo cônjuge e um cronograma infalível para alcançar a iluminação espiritual , entre outras práticas que carecem de comprovação científica ou médica. Em rápida análise, fica evidente que essas terapias têm como único objetivo o enriquecimento e a prosperidade financeira, especialmente para aqueles que as promovem. Para essas pessoas, a espiritualidade se transforma em um comércio altamente lucrativo , o que é completamente incompatível com os ensinamentos de Jesus e Kardec. Nas redes sociais, muitos desses falsos profetas compartilham fotos e legendas com conteúdos edificantes, retirados de obras sérias e respeitáveis, o que lhes permite atrair um grande número de seguidores. No entanto, eles acabam utilizando essa audiência para promover e vender, entre uma postagem e outra, seus serviços terapêuticos. CURA GAY ATRAVÉS DO PASSE ESPÍRITA No entanto, o mais chocante foi ler uma obra de um renomado autor espírita — com mais de 80 títulos publicados — que discorre sobre a cura do homossexualismo (termo utilizado pelo próprio autor) por meio da terapia dos passes e da fé sincera. O autor afirma ter presenciado, ao longo dos anos, a cura de vários homossexuais através do passe espírita. Em uma dissertação mais efervescente — para não dizer fanática —, o autor afirma que, durante o regime nazista, Adolf Hitler e seus ministros eram homossexuais e tinham como plano a expansão do homossexualismo (termo repetido por ele) por toda a Europa. Além disso, na mesma obra, encontramos menções às religiões de matriz africana, que, segundo o ponto de vista equivocado do autor, seriam primitivas e inferiores. ALTERAÇÕES E ADULTERAÇÕES NAS OBRAS DE KARDEC Dentre as diversas traduções dos livros de Kardec para a língua portuguesa, encontraremos — naturalmente — algumas diferenças entre uma e outra, sem que isso altere a essência das obras. No entanto, há alguns casos bastante preocupantes nos quais o tradutor, revisor ou editor, por sua conta e risco, alterou nomes e conceitos das obras da codificação. Como exemplo, citamos O Livro dos Médiuns ou guia dos médiuns e dos evocadores (nome completo dessa obra), que teve seu título alterado propositalmente — por um autor e tradutor espírita — para O Livro dos Médiuns ou guia dos médiuns e dos doutrinadores . De acordo com o responsável, atualmente, não há mais necessidade de se evocar os Espíritos. Por ironia do destino, ou não, ainda podemos ver na capa deste livro uma inscrição que diz "versão inalterada do original". Nesse mesmo sentido, compreende-se também uma versão adulterada pela Federação Espírita do Estado de São Paulo (FEESP) de O Evangelho Segundo o Espiritismo , que circulou na década de 1970, vendendo cerca de 30 mil exemplares (retirados de circulação após um longo processo judicial). Essas não foram as primeiras, nem as últimas vezes, que alguém tentou "atualizar" as obras do codificador, trazendo suas visões de mundo e seus conceitos modernos, como se Kardec estivesse ultrapassado. Essas atitudes, além de desrespeitarem a memória do autor, desvirtuam o conteúdo original das obras e podem levar os leitores a interpretarem de forma equivocada os ensinamentos de Kardec. Alterações e adulterações em obras espíritas não se restringiram aos títulos de Allan Kardec. No Brasil, mais de 110 obras de um único médium amplamente reconhecido foram constatadas com modificações em relação às suas versões originais ao longo dos anos. Essas alterações iam além de simples ajustes ortográficos e, em muitos casos, passaram despercebidas pelo público. A identificação dessas modificações e a consequente contestação vieram de dentro do próprio movimento espírita, por meio da mobilização de grupos, uniões e federações, que se empenharam em corrigir as distorções e restaurar os textos às suas versões originais. Com as alterações identificadas (chegando a 40 modificações em um dos livros), as instituições espíritas que constataram essas mudanças procuraram a editora responsável pelas publicações, com o objetivo de iniciar um diálogo construtivo sobre as diferenças observadas. Apesar da apresentação de evidências concretas, a editora insistiu que não havia ocorrido qualquer alteração. Diante da negativa persistente e do silêncio da detentora dos direitos autorais dessas obras, as partes recorreram ao Judiciário. Esse processo culminou em um acordo que assegurou a restauração gradual dos textos, devolvendo-os às suas versões originais. FÉ RACIOCINADA Mesmo que um autor se declare espírita, seu conteúdo não está automaticamente livre de falhas ou tendenciosidades. Seus textos e vídeos, por mais respeitados ou influentes que sejam , devem ser lidos e assistidos com espírito crítico e discernimento, pois podem conter informações incorretas, interpretações parciais e, naturalmente, expressar as visões pessoais do autor/médium, que não necessariamente refletem o pensamento espírita como um todo. Enfim, apresentamos apenas uma pequena parte desses casos, para que nossos leitores compreendam a gravidade dessas armadilhas. KARDEC É A BASE: Obras de Kardec X Romances Mediúnicos Há também aqueles que se declararam espíritas, mas nunca estudaram as obras de Allan Kardec, preferindo, quase que exclusivamente, os romances mediúnicos (psicografados). Sobre este tópico, a respeitável médium Yvonne do Amaral Pereira, em À luz do Consolador , destaca que não devemos nem poderemos limitar nossa instrução doutrinária aos livros mediúnicos tão somente. Estes são, com efeito, importantes, indispensáveis a nossa cultura doutrinária, encantadores, e podemos mesmo afirmar que o Espiritismo é produto da mediunidade nos seus diferentes graus. Entretanto, continua Yvonne, numa obra mediúnica seria impossível ao autor recapitular todo o precioso acervo de observações, de análises, de experiências, etc., que as obras dos grandes mestres colaboradores de Allan Kardec apresentaram. Segundo a autora, para apreciarmos o valor e a beleza de uma obra mediúnica, principalmente romances, teremos de conhecer as obras básicas a fim de sabermos analisar a perícia da arte literária de além-túmulo, que apresenta os mais variados e belos aspectos doutrinários, devendo ser sempre calcados sobre os princípios inabaláveis erigidos por Allan Kardec e seus continuadores. Não cairemos – conclui a autora – no perigo do sofisma e das opiniões particulares se conhecermos o Espiritismo através dos livros básicos dos seus grandes escritores, porque aí aprenderemos a observar, raciocinar e analisar com eles. A autora nos lembra que, antes de se aventurar na leitura de um romance espírita mediúnico, é essencial que a pessoa conheça as obras de Kardec. A recomendação de Yvonne Pereira visa estabelecer parâmetros seguros para que o estudo espírita seja realizado com discernimento. Portanto, quem se dedica ao estudo das obras de Kardec adquire uma base sólida, que é fundamental para discernir entre o que é edificante e o que é místico, além de distinguir o que é fantasia do que é realidade. A adoção de uma postura crítica, aliada à fé raciocinada proposta por Kardec, permite ao iniciado no espiritismo examinar qualquer conteúdo que lhe seja apresentado (inclusive este livro), sem tomá-lo como uma verdade absoluta ou inquestionável. FILTRANDO INFORMAÇÕES O problema não está no excesso de informações que recebemos, mas na forma como as filtramos. Sem os devidos filtros morais, éticos, racionais e intelectuais que Kardec e a espiritualidade superior nos ensinaram, aceitamos facilmente tudo o que nos é apresentado. Isso, inevitavelmente, nos leva a reproduzir e perpetuar conceitos equivocados, como a homofobia, o racismo, o sexismo, a ganância, entre outros. Texto extraído do livro Mediunidade com Kardec de Patrick Lima . Capítulo 1: Kardec é um prisma Pergunta 02: Por que fundamentamos nossos estudos em Kardec? Como citar: LIMA, Patrick. Mediunidade com Kardec. Poverello Edições, 2023. 1ª ed. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS PEREIRA , Yvonne do Amaral. À luz do Consolador. FEB Editora, 2014.












